• Home/
  • Notícias/
  • Economia/
  • Projeções de inflação do Brasil caem, mas cenário tem desafios e não é tranquilo, dizem analistas

Projeções de inflação do Brasil caem, mas cenário tem desafios e não é tranquilo, dizem analistas

O movimento reflete fatores como o dólar em baixa e a redução dos preços de parte dos produtos agropecuários

Por FolhaPress
Às

Atualizado
Projeções de inflação do Brasil caem, mas cenário tem desafios e não é tranquilo, dizem analistas

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

As projeções para a inflação acumulada em 2025 vêm em trajetória de queda no Brasil. Conforme economistas, o movimento reflete fatores como o dólar em baixa e a redução dos preços de parte dos produtos agropecuários.

No boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central), a mediana das previsões do mercado financeiro para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano está em queda há dez semanas consecutivas. A estimativa saiu de 5,5% em maio para 5,07% no início de agosto.

Isso significa que o mercado passou a enxergar uma alta menor dos preços ao final de 2025, mas em um patamar ainda acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC. O limite superior do alvo é 4,5%.

"Melhoraram as expectativas, realmente há sinais de que [o IPCA] pode desacelerar, mas ainda não é um quadro tranquilo para a inflação", afirma o economista Fábio Romão, da consultoria 4intelligence.

Ele cita possíveis riscos de uma pressão na conta de luz até o final do ano, além do impacto da procura por serviços após a recuperação do mercado de trabalho.

Em uma tentativa de esfriar essa demanda e conter a inflação, o BC levou a taxa básica de juros (Selic) para 15% ao ano.

Embora veja desafios para a autoridade monetária, Romão passou a projetar IPCA de 5,2% em 2025, abaixo do patamar de 5,5% estimado anteriormente. O economista afirma que há uma combinação de fatores por trás do cenário de queda.

A primeira questão é a baixa dos preços de produtos agropecuários em meio a melhores condições de safra, de acordo com Romão.

Também em sua avaliação, o registro de gripe aviária no Brasil e a expectativa do tarifaço dos Estados Unidos geraram um recuo temporário em cotações do campo, incluindo produtos como carne de frango e bovina.

Segundo o economista, o dólar mais baixo está aliviando bens industriais, outro fator de importância para entender a revisão nas estimativas do IPCA. A cotação da moeda americana acumula queda aproximada de 12% no ano, ficando abaixo de R$ 6.

O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), diz que a pressão cambial parece diminuir e destaca que os preços de insumos usados por produtores vêm em redução.

O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), divulgado pela instituição, recuou nos três meses mais recentes com dados disponíveis -maio, junho e julho. Quando essa queda acontece, há expectativa de repasses ao longo das cadeias produtivas, até o consumidor final.
Braz afirma que o IPCA, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pode fechar o ano com alta de 4,8%.

"Se as coisas continuarem assim, e o câmbio também permanecer bem comportado, indicando alguma valorização do real, essa chance aumenta", diz.

O economista, contudo, afirma que o cenário não está imune a incertezas. Nesse sentido, ele chama a atenção para eventuais mudanças na política de tarifas do governo Donald Trump.

O presidente americano aplicou uma sobretaxa de 50% para produtos brasileiros, e Braz não descarta o risco de novas ações do tipo. "Não quer dizer que a gente não vai ter desafios pela frente. Tem, sim."

O economista Leonardo Costa, do Asa, que atua no setor financeiro, vê incerteza elevada para a inflação no Brasil com a guerra comercial.

Segundo ele, há possibilidade de sobreoferta interna de produtos tarifados, como carnes, café e frutas, causando chance de baixa nos preços. Por outro lado, o aumento da incerteza pode resultar em uma pressão cambial, o que representaria risco de alta para o IPCA.

Costa trabalha com uma projeção de 4,9% para a inflação em 2025, abaixo da estimativa anterior, que era de 5,2%.

O IPCA acumulou alta de 5,35% nos 12 meses até junho. Com o resultado, confirmou o primeiro estouro da meta contínua de inflação desde que o novo modelo entrou em vigor no país, em janeiro.

Nesse sistema, o alvo é desobedecido quando o acumulado permanece por seis meses consecutivos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é 3%.

O IBGE divulgará o IPCA de julho na terça-feira (12).
 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário

Nome é obrigatório
E-mail é obrigatório
E-mail inválido
Comentário é obrigatório
É necessário confirmar que leu e aceita os nossos Termos de Política e Privacidade para continuar.
Comentário enviado com sucesso!
Erro ao enviar comentário. Tente novamente mais tarde.