"Quadrilhas passaram a agir sob ordens vindas das favelas do Rio", diz governador do Pará
Helder Barbalho propõe coalizão nacional de segurança

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (28), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu a criação de uma coalizão nacional de segurança pública para enfrentar o crime organizado. Segundo ele, o Rio de Janeiro se tornou um "polo exportador de criminosos" e serve como base de comando para facções que operam em ao menos 23 estados do país.
De acordo com o governador, as ordens para ações criminosas que antes partiam de presídios agora são emitidas de favelas cariocas. “Antigamente as ações das facções eram dirigidas dos presídios. Como a maioria dos estados resolveu a situação, as quadrilhas passaram a agir sob ordens vindas das favelas do Rio”, declarou Barbalho.
O chefe do Executivo paraense disse ter se antecipado a possíveis críticas e afirmou que ligou previamente para o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e para o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), para esclarecer que não se tratava de um pedido de intervenção, mas de uma proposta de cooperação nacional. Apesar disso, aliados de Castro consideraram as declarações "duras demais".
Segundo estimativas da Polícia Civil do Pará, pelo menos 80 criminosos foragidos da Justiça se refugiaram no Rio de Janeiro. Em ações conjuntas entre os dois estados, já foram presos suspeitos de sequestro, roubo e tráfico. Uma das operações mais expressivas ocorreu em dezembro de 2023, quando um call center clandestino foi desmantelado no Complexo da Penha. O espaço, segundo as investigações, servia como central de comando para repassar ordens a diversas regiões do país.
O governador reforçou a urgência de uma resposta articulada entre as unidades federativas, destacando que a segurança pública deve ser tratada como prioridade nacional. O governo do Rio ainda não se pronunciou oficialmente sobre a proposta.