Quaest: prisão e trama golpista afastam eleitores ‘nem-nem’ de Bolsonaro
Entre os eleitores que não se identificam nem com Lula nem com Bolsonaro, 46% rejeitam o retorno do ex-presidente, enquanto apenas 25% temem a continuidade de Lula

Foto: Antonio Augusto/STF
Entre os eleitores ‘nem-nem’ (que não se identificam nem com Lula nem com Bolsonaro), 46% têm medo do ex-presidente voltar ao poder, enquanto 25% que têmem a continuidade de Lula. Os dados constam na pesquisa Quaest divulgada, na terça-feira (26).
No cenário geral, 47% rejeitam Bolsonaro e 39% consideram pior a permanência de Lula. Os “nem-nem”, grupo que representa cerca de 30% da amostra, considera justa a prisão domiciliar de Bolsonaro (60%), vê Lula como melhor que a gestão anterior (37%), e identifica maior envolvimento do ex-presidente na trama golpista (58%), processo em que ele é reu.
A pesquisa aponta que entre os eleitores apartidários, a percepção sobre os governos mudou significativamente ao longo do ano. O percentual que considerava a gestão Lula pior que a de Bolsonaro caiu de 37% para 27%, enquanto os que a acham melhor subiu de 33% para 37%. Outros 32% avaliam ambos os governos como iguais.
Em relação à prisão domiciliar do ex-presidente, 60% do grupo consideram a medida justa, contra 29% que a classificam como indevida. A diferença é maior que a registrada no cenário total (55% a 39%).
O envolvimento de Bolsonaro na trama golpista também é mais reconhecido entre os ‘nem-nem’: 58% agora identificam sua participação, ante 45% em dezembro e 52% em março. O movimento contribuiu para a desvantagem do ex-presidente no resultado geral, de 52% a 36%.
Além disso, a aprovação de Lula cresceu quatro pontos entre o grupo, chegando a 42%, ainda inferior à desaprovação de 53%, mas a menor diferença do ano.
No geral, o governo registra 46% de aprovação e 51% de desaprovação, o melhor resultado desde janeiro. Segundo Felipe Nunes, CEO da Quaest, a melhora se deve à redução dos preços dos alimentos e à postura de Lula diante do tarifaço dos EUA, baseada na defesa da soberania nacional.
Nas últimas eleições, os “nem-nem” se mostraram decisivos para o cenário eleitoral. Por não estarem presos à polarização tradicional, suas escolhas podem inclinar resultados. A mobilidade desse grupo funciona como um termômetro importante das tendências políticas do país.