Quase 6 milhões de burros são abatidos por ano para indústria medicinal chinesa, alerta ONG
Abate em massa se deve ao aumento da produção de ‘ejiao’,
Foto: Reprodução Instagram / @donkeysanctuary
Cerca de 5,9 milhões de burros são abatidos todos os anos no mundo para abastecer a indústria de ejiao, um produto da medicina tradicional chinesa feito a partir do colágeno extraído da pele desses animais. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (26) pela organização britânica The Donkey Sanctuary, que aponta impactos sociais e ambientais decorrentes do comércio internacional, muitas vezes ilegal, de peles.
Segundo a ONG, a crescente demanda chinesa tem pressionado a população de burros em vários países, especialmente na África. Em território chinês, o número de animais caiu de 11 milhões em 1992 para cerca de 1,5 milhão em 2023. Para atender ao setor, a China passou a importar peles de burros de países africanos, provocando desequilíbrios locais.
O ejiao é vendido como suplemento alimentar e utilizado na medicina tradicional como produto para fortalecer o sangue, melhorar a circulação e tratar problemas de saúde como insônia e anemia. Segundo a empresa chinesa de pesquisa Qianzhan, trata-se de uma indústria avaliada em US$ 6,8 bilhões (cerca de R$ 37,7 bilhões).
Em resposta aos impactos, a União Africana aprovou em 2023 uma moratória de 15 anos sobre o abate de burros no continente. A medida busca preservar os rebanhos e proteger as comunidades rurais que dependem desses animais para transporte, agricultura e geração de renda.
