Rascunho da COP30 traz indicadores para adaptação climática, mas financiamento é incerto
Documento foi divulgado nesta sexta-feira (21), não define sobre o aumento dos recursos para adaptação climática.

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
O novo rascunho de decisão da COP30, divulgado nesta sexta-feira (21), traz uma citação vaga sobre o aumento dos recursos para adaptação climática. O texto "pede esforços para triplicar o financiamento para adaptação em comparação aos níveis de 2025 até 2030", mas não expressa claramente o papel dos governos em mobilizar esses repasses.
Os países em desenvolvimento exigem que as nações ricas, maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, liderem o fluxo de dinheiro. O rascunho lista as nações desenvolvidas a "aumentarem a trajetória de sua provisão coletiva de financiamento climático para adaptação aos países em desenvolvimento", sem atrelar a um valor.
"Sobre o financiamento da adaptação, só vemos 'encorajamento', não vemos requisitos", disse Juan Carlos Monterrey, enviado do Panamá para o clima. "Países vulneráveis não podem se adaptar com as mãos vazias. No ano passado, concordamos em triplicar o financiamento para adaptação e clima. Cortar o financiamento da adaptação enquanto se busca ambição é simplesmente hipocrisia."
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, afirma que o texto não coloca um número como base para aumentar os repasses em relação a 2025. "Ainda que triplicar o financiamento da adaptação apareça no texto, ele está de uma forma tão vaga que vira um jogo de deixa que eu deixo, justamente o que a gente não pode aceitar", disse.
Fernanda Bortolotto, especialista em políticas climáticas da organização The Nature Conservancy Brasil, afirma que o financiamento precisa de uma linguagem forte e de um encaminhamento mais claro. O rascunho da conferência apresentou um conjunto de cerca de 60 indicadores da chamada Meta Global de Adaptação, que buscam medir o progresso das ações de enfrentamento à mudança climática.
A proposta inicial de um grupo de especialistas era de aproximadamente cem indicadores. Gabrielle Swaby, do World Resources Institute, apontou para o incômodo que a nova lista pode gerar aos países. "Alguns experts técnicos notaram que essas mudanças podem fazer alguns desses indicadores menos mensuráveis", disse.
Os indicadores versam sobre diferentes aspectos da adaptação e têm a finalidade de orientar as decisões de cada país sobre ações para enfrentar os impactos do clima. A lista inclui riscos relacionados à geografia de um local específico, estresse hídrico, população em áreas que precisarão ser realocadas e o nível de ameaça dos ecossistemas.


