Diferente do resultado das urnas nas eleições de 2018, desta vez, e mais uma vez na história, o brasileiro recuou o apto pelo tradicional. Há dois anos, o eleitor escancarou um basta à mesmice e à velha política, aquela de cartas marcadas e movimentos viciados e mecânicos. 

No pleito de 2020, de eleições municipais, PSDB, MDB, DEM, PSD e Progressistas, partidos de direita e de centro, governarão cerca de 60% das prefeituras do país. Todos eles, exceto o PSD, são legendas com mais de 30 anos, isto é, fundos e na ativa desde os primórdios da redemocratização, que alçaram governantes a Executivos, de todas as esferas, por diversas vezes.

Por outro lado, foi um resultado péssimo para a esquerda, que encolheu. Caso não fosse o calor exacerbado nos trópicos neste período do ano, cairia pontualmente a famigerada expressão ‘banho de água fria’. 

PT, PSOl e PCdoB, principalmente, tentaram – em vão – oxigenar a esquerda no país e o resultado das urnas mostrou que será necessário muito mais trabalho e mudanças para chegar novamente ao protagonismo político nacional. O único crescimento, bem tímido, foi do PSOL, que avançou de duas para cinco prefeituras. Já o PT ficou pela primeira vez sem prefeito em capitais. 

Do Centrão, partidos daquele grupo que ficam eternamente em banho maria para tomar decisões e posições, sempre de acordo com o que entendem ser o mais benéfico apenas para partidários, o MDB se manteve como governante no maior número de cidades. No entanto, saiu de 1.046 prefeituras para 784 este ano.

Existe um redesenho partidário para 2021/2014, que fica entre o avanço e o tradicional, além de um suposto aceno de que a era do radicalismo foi mesmo muito breve. Mas o contrapeso desta e qualquer análise é que, daqui menos de dois anos, as eleições majoritárias podem colocar o Brasil de ponta cabeça e estabelecer novos cenários, novas possibilidades.