Relator da ONU está preocupado com conversas vazadas pelo The Intercept
Recentemente, o material de origem duvidosa, publicado pelo site The Intercept e pelo jornal Folha de S. Paulo revelou uma suposta troca de mensagens entre o então juiz e o coordenador da Lava Jato

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
"Sumamente preocupantes". Foi o que o relator da Organização das Nações Unidas (ONU), Diego García-Sayán, classificou as conversas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol.
Recentemente, o material de origem duvidosa, publicado pelo site The Intercept e pelo jornal Folha de S. Paulo revelou uma suposta troca de mensagens entre o então juiz e o coordenador da Lava Jato. Moro não confirmou a autenticidade das mensagens e disse que uma organização criminosa teria tentando hackear seu telefone.
Às vésperas da reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, García-Sayán fez a primeira avaliação sobre o impacto do caso e deixa claro que tais revelações não são positivas.
"A informação publicada questionaria um elemento absolutamente essencial nos processos judiciais em geral, e nos processos penais de envergadura em particular, que são os princípios de integridade e de neutralidade nas decisões judiciais", disse.
"Existem disposições claras nas leis internas em vários países, e o Brasil não é exceção, onde a função da procuradoria tem que ser independente e diferente da função dos juízes. Cada qual deve se desenvolver dentro de seu próprio âmbito de competência", afirmou.
O relator explica que sua avaliação não está baseada em "informações de primeira mão", mas somente no conteúdo que leu na imprensa. Ele, porém, diz que poderá agir uma vez que tenha recebido o material de maneira formal, o que deve ocorrer nos próximos dias. Neste momento ele apenas irá avaliar o caso oficialmente e pedirá explicações ao governo brasileiro.
García-Sayán foi ministro da Justiça e das Relações Exteriores do Peru, além de ser juiz titular da Corte Interamericana de Direitos Humanos e seu presidente entre 2010 e 2012.


