Reportagem mostra os impactos das festas de Carnaval na proliferação da covid-19 no Brasil
Um levantamento feito por um especialista revela que os estados que tiveram Carnaval possui 5x mais contaminação

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Uma reportagem do programa 'Conexão Repórter', do SBT, exibida na segunda-feira (1), mostrou os impactos negativos e a interferência das festas de Carnaval a proliferação do novo coronavírus no Brasil. O documentário faz parte da séria 'O inimigo Invisível', apresentado por Roberto Cabrini.
A reportagem traz dados de especialistas que abordam a possibilidade de que as festas poderiam ter ampliado os riscos de contaminação da doença aos brasileiros. Atualmente, o Brasil registra 526.447 infectados pela covid-19 e mais de 29 mil mortes pela doença. O Brasil também ocupa a segunda posição dentre os países que mais possuem infectados no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 1.860.237 infectados.
Um dos especialistas, o professor de estatística da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Pereira, revelou que identificou que nos estados em que foi realizado o Carnaval, houve um índice de contaminação cinco vezes maior pela doença. A pesquisa foi realizada a partir dos dados de contaminados dos estados que tiveram o Carnaval e os que não tiveram.
"Se a gente pegar os óbitos do grupo do Carnaval e outros [que não tiveram], a gente vai verificar que os óbitos em relação aos óbitos totais do Brasil, a gente teria 5 vezes mais óbitos no grupo Carnaval do que nos outros", disse o especialista.
Já o médico do Hospital das Clínicas da USP, Anthony Wong, disse que o cancelamento da festa poderiam ter impedido a atual crise da pandemia no país.
"As providências já deveriam partir desde meado de fevereiro. Cancelar o carnaval ou pelo menos ter freado e impedido a vinda de europeus para o Brasil nós não teríamos essa crise e esse problema que nós temos agora"
O repórter também contestou o prefeito de Macapá, Clécio Luís, sobre a autorização da festa mesmo com o surgimento da doença na China e a proliferação da doença para o Irã. Segundo o prefeito, na época, ainda não havia informações suficientes que sustentassem a hipótese de que a doença chegaria ao Brasil e disse que não teria autorizado a festa caso tivesse informações suficientes.
"Se eu tivesse essa clareza, eu não teria feito. Mas não tinha em fevereiro. Nós tivemos tanta informação equivocada no começo, e até hoje está se descobrindo muita coisa [...] Não teria feito, mas é muito mais fácil falar hoje. Antes não tinha como falar"