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Resultado dos bancos no 1º trimestre indica economia mais resiliente do que o esperado

Balanço dos 'bancões' mostraram um crescimento firme da carteira de crédito na base anual, indicando demanda aquecida

Por FolhaPress
Ás

Atualizado
Resultado dos bancos no 1º trimestre indica economia mais resiliente do que o esperado

Foto: Reprodução/Redes sociais

TAMARA NASSIF

O resultado do primeiro trimestre do setor bancário surpreendeu analistas que previam um início de ano mais desafiador.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, os balanços financeiros dos quatro principais bancos do país - Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil - mostraram um crescimento firme da carteira de crédito na base anual, indicando que a demanda dos clientes segue aquecida.

"A tomada de crédito segue firme. Não vou dizer saudável, mas forte. O impulso à demanda continua acontecendo, e a inadimplência segue baixa e, em alguns casos, até em queda", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

"Isso nos surpreendeu um pouco, pois esperávamos alguns indícios de desaceleração da atividade neste primeiro trimestre. A rigor, ela está acontecendo, mas de uma forma muito mais branda do que o previsto anteriormente."

A exceção para a inadimplência é o Banco do Brasil, cujo resultado foi afetado pelas dívidas do setor agropecuário. A carteira do segmento é o carro-chefe do banco público.

Ao mesmo tempo, o BB teve o maior crescimento no crédito entre as quatro principais instituições financeiras do país, com um salto de 14,4% em um ano, a R$ 1,27 trilhão.

No caso do Itaú, o maior banco do país, a carteira de crédito terminou o mês de março em R$ 1,38 trilhão --o equivalente a 13,2% acima do registrado no ano anterior e 1,7% abaixo do registrado em dezembro. Já o Bradesco viu um aumento de 12,9% na carteira entre 2024 e 2025, a R$ 1 trilhão, enquanto o Santander teve o menor crescimento, de 4,3%, a R$ 682,3 bilhões.

Juntos, os quatro bancões encerraram março com uma expansão anual de 11,9% nas operações de crédito, a R$ 4,3 trilhões. O ritmo foi superior ao previsto pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), de 8,6%.
Já o lucro consolidado das instituições somou R$ 26,86 bilhões no primeiro trimestre, um avanço de 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a consultoria Elos Ayta.

A tendência, porém, é de uma desaceleração no crescimento das carteiras no segundo semestre, conforme os bancos preveem um aumento na inadimplência. A expectativa do mercado é que os efeitos da Selic alta -hoje em 14,75%- comecem a ser sentidos após o meio do ano.

Para Eduardo Nishio, chefe de pesquisa da Genial Investimentos, já há indicativos de mudança no perfil de crédito. "Os bancos estão mais seletivos e procurando créditos com um pouco mais de garantia", afirma ele, em alusão à preferência por clientes de maior renda e patrimônio.

A resiliência da atividade não foi de todo uma surpresa para Nishio. Ele diz que, pelo histórico dos governos Lula, a economia "sempre surpreende para cima por conta do fiscal".

"Quanto mais o governo gasta, maior e mais forte é o giro econômico. Em contrapartida, a inflação se torna mais resiliente, que é o que está acontecendo hoje. A inflação alta está persistente e incomodando, em especial no segmento de serviços."

A expectativa é que a Selic próxima a 15% comece a abrandar a inflação nos próximos trimestres, ao mesmo tempo em que arrefece a atividade.

No boletim Focus desta semana, economistas ouvidos pelo BC (Banco Central) passaram a prever um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 5,51% ao final do ano, a quarta queda consecutiva nas previsões. Para o PIB (Produto Interno Bruto), as estimativas se mantiveram pela terceira semana seguida em 2%.

Essas expectativas já estão entrando nas contas dos principais bancos do país. "Juro mais alto naturalmente desaquece o crescimento das carteiras. O que temos que acompanhar é como o crédito como um todo vai performar num cenário um pouco mais desafiador", disse Milton Maluhy, presidente do Itaú.

É a mesma perspectiva desenhada por Marcelo Noronha, presidente do Bradesco. "Você não mantém esse ritmo de crescimento para sempre, então ele tende a ficar mais equalizado, a não ser que a gente estivesse em uma conjuntura de taxa muito baixa de juros, que permitisse manter a tração durante um bom tempo", disse ele, após a divulgação do resultado do primeiro trimestre.

Nesse sentido, o novo consignado pode ser uma carta na manga das instituições. Lançada em março pelo governo Lula, a modalidade de crédito permite que o trabalhador CLT dê parte de seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia, o que traz risco zero para o banco de haver inadimplência caso o funcionário seja demitido.

Entre os bancões, o BB foi o único a discriminar o novo consignado como uma parte expressiva das carteiras, desembolsando R$ 3 bilhões no primeiro trimestre e com expectativa de crescimento até R$ 7 bilhões no próximo. A expectativa é que a modalidade ganhe tração nos outros três bancos à medida em que "alguns mecanismos, principalmente de garantias, se solidifiquem", diz Nishio.

"É um produto que pode dar uma oxigenada no sistema, considerando, inclusive, que o FGTS foi pouco explorado pelos bancos. Provavelmente veremos uma mudança de tipo de crédito pessoal para crédito privado consignado, o que fará o sistema se alavancar mais do que hoje", avalia o especialista.
 

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