Retração do PIB pode chegar a 10% no segundo trimestre deste ano
Queda interrompeu sequência de quatro trimestres de crescimento

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Em virtude dos impactos provocados pelo novo coronavírus, a economia brasileira encolheu 1,5% no primeiro trimestre. Diante disso, o Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retornou aos níveis do segundo trimestre de 2012.
O consumo das famílias, do lado da demanda, e o setor de serviços, do lado da oferta, impulsionaram a queda da atividade econômica. Segundo especialistas, no entanto, o pior ainda está por vir e o segundo trimestre será devastador, com retração de mais de 10%, colocando o país em meio a uma forte recessão.
A queda interrompeu sequência de quatro trimestres seguidos de crescimento, e é o pior resultado para o período desde 2015, quando a atividade econômica do país encolheu 2,1%. Em relação ao primeiro trimestre de 2019, a retração não foi tão acentuada e o PIB recuou 0,3%. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,803 trilhão nos três primeiros meses do ano.
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a retração da economia foi causada, principalmente, pelo recuo de 1,6% nos serviços, setor que representa 74% do PIB. A indústria caiu 1,4%, enquanto a agropecuária cresceu 0,6%. “Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento, alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, pontuou.
Nos serviços, a queda foi generalizada, com a única variação positiva nas atividades imobiliárias, com leve alta de 0,4%. O destaque para os resultados negativos foi em outros serviços (-4,6%) e transporte, armazenagem e correio (-2,4%). Na indústria, o recuo foi puxado pelo setor extrativo (-3,2%), mas também apresentaram taxas negativas elevadas a construção (-2,4%) e as indústrias de transformação (-1,4%).