Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj acusado de vazar informações ao deputado TH Joias, diz que só conheceu parlamentar quando tomou posse: 'nunca o tinha visto na vida'
Investigações da PF mostram conversas de tom informal e frequente entre os dois

Foto: Reprodução/TVGlobo
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso preventivamente nesta semana, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele está sendo investigado por um possível vazamento de informações sigilosas para beneficiar o ex-deputado estadual, Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias.
Segundo as investigações, ele teria avisado o ex-parlamentar sobre as ações policiais, um dia antes da operação. Rodrigo nega a acusação. O Fantástico teve acesso ao depoimento de Bacellar onde ele admite ter conversado com TH um dia antes da operação.
TH Joias foi preso em setembro, acusado de lavar dinheiro para o Comando Vermelho, negociar armas, adquirir equipamentos antidrones e atuar como braço da facção dentro da Alerj. A PF afirmou em relatório que havia "intensa troca de mensagens", do ex-deputado com "contatos estratégicos, incluindo o presidente da Alerj".
Bacellar negou, e disse que só conheceu TH quando ele tomou posse. "Nunca, nunca o tinha visto na vida. Nunca", afirmou.
Ele também declarou que a relação era apenas institucional: "Eu sou presidente do Parlamento. Tenho que atender todos indistintamente". No celular de TH, no entanto, mostram conversas de tom informal e frequente. Na véspera da operação que resultou na prisão do ex-deputado, ele enviou a Bacellar vídeos com peças de picanha em freezer e brincadeiras sobre "roubar a carne". O contato estava salvo como "Predestinado".
Em outra mensagem, escreveu: "Fala 01. Estou nesse". Rodrigo Bacellar respondeu o seguinte: "Eu acho que ele mandou uma coisa que ele quer tirar, uma geladeira, alguma coisa assim. Foi aí que eu chamei de doido".
Segundo Bacellar, o ex-deputado perguntou se seria alvo de alguma ação, e ele respondeu que não sabia. Imagens mostram que, mais tarde, um caminhão retirou objetos da casa de TH Joias. Por volta das 6h, TH enviou imagens de agentes da PF dentro da casa dele. Bacellar relatou ter ficado surpreso.
Os agentes questionaram por que Bacellar não avisou nenhuma autoridade ao saber da possibilidade de uma operação contra um parlamentar. Ele disse que não procurou ninguém e completou: "Não tô aqui pra entregar colega. Não tô aqui para proteger colega, também que faz nada errado".
No carro em que o presidente da Alerj foi levado à sede da PF, os agentes encontraram R$90 mil. No depoimento, ele não explicou a origem: "Vou me reservar o direito de apresentar depois a comprovação". Bacellar tambḿe disse ter ouvido rumores sobre o histórico criminal do ex-deputado, mas alegou que "se você tiver uma atitude de bom convívio com todo mundo, o que você faz na rua não me diz respeito".


