Rússia acusa Ucrânia de atacar residência de Putin; Kiev nega

O presidente ucraniano negou a autoria do ataque direto, como já ocorreu em ocasião anterior em 2022

Por FolhaPress
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Rússia acusa Ucrânia de atacar residência de Putin; Kiev nega

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

IGOR GIELOW

A Rússia acusou a Ucrânia de ter atacado uma das residências oficiais do Vladimir Putin com 91 drones nesta segunda-feira (29), um dia depois do encontro entre Volodimir Zelenski e Donald Trump para discutir um acordo para pôr fim à invasão russa do vizinho.

O presidente ucraniano negou a autoria do ataque direto, como já ocorreu em ocasião anterior em 2022, e disse que os russos usarão o incidente para "atacar edifícios do governo ucraniano". Segundo observadores militares, bombardeiros Tu-22 já estão sendo armados com mísseis de cruzeiro para tal fim.

Segundo o chanceler Serguei Lavrov disse à mídia russa, os aparelhos foram abatidos na região de Novgorod, próxima a São Petersburgo, a cerca de 600 km da fronteira ucraniana. Não houve danos, disse o diplomata.

Lavrov prometeu uma "dura retaliação" e disse que a ação irá provocar uma mudança na posição da Rússia nas negociações comandadas pelo presidente americano, que por ora não ultrapassaram as inflexibilidades de lado a lado.

"Vamos continuar negociando", disse, antecipando as críticas que receberá e a acusação de Kiev de que o ataque foi de "falsa bandeira", ou seja, uma fabricação para culpar o adversário.

A residência atacada segundo os russos é um antigo complexo com três datchas, as famosas casas de campo que quase toda família russas mais abastadas têm. Ele é conhecido pelo apelido de Dolgie Borodi (barbas longas, em russo) ou por Valdai, nome do lago em que fica às margens.

É uma das regiões favoritas de Putin, natural de São Petersburgo, com vegetação bastante densa. O complexo é usado principalmente como casa de férias de verão e tem espaço para 320 hóspedes. O paradeiro exato do presidente, costuma se disfarçado salvo em agendas oficiais.

Ele passa boa parte do tempo nos arredores da capital, em sua residência principal, mas tem diversos palácios à sua disposição pelo país. Segundo imagens do Kremlin, o presidente estava em Moscou, comandando uma reunião com seus generais principais, que lhe pintaram um quadro positivo acerca dos ganhos da guerra neste ano.

Chamou a atenção a determinação explícita de Putin para que os militares se concentrem para tomar a capital homônima da província de Zaporíjiia, no sul do país.

Ela é 1 das 4 áreas anexadas ilegalmente por Putin em 2022, e na cúpula que teve com Trump em agosto foi aventada a hipótese de o russo se satisfazer com os 75% que já ocupa dela —proporção semelhante à da vizinha Kherson, também incorporada.

Nos debates até aqui, o foco estava na mais valiosa estrategicamente Donetsk, a leste, onde tropas russas controlam 80% do local. Zelenski se recusa a perder os 20% que ainda têm, exigência reiterada nesta segunda pelo Kremlin. Já os americanos tentam uma solução salomônica, criando uma zona desmilitarizada.

Não foi a primeira ação direta contra um imóvel associado a Putin na guerra. Em 2022, os ucranianos causaram furor com um dos primeiros ataques a drone a Moscou, quando dois aparelhos explodiram sobre o Kremlin na noite de 3 de maio.

Não houve vítimas e o presidente não estava presente, mas o governo russo chamou o caso de terrorismo. Kiev nunca assumiu a autoria, amplamente creditada a seus ativos serviços de segurança, inclusive pelos aliados americanos.

Apesar de toda a brutalidade do conflito, até aqui os russos não tentaram matar Zelenski com um ataque devastador. Isso foi sugerido pelo próprio Putin no ano passado, quando apresentou com uma demonstração dramática seu novo míssil balístico com múltiplas ogivas, testado sobre Dnipro.

Na mão contrária, além dos incidentes contra as residências, houve um grande ataque com drones ucranianos contra a região por onde Putin viajava neste ano. Além disso, ações contra Moscou são constantes, mas as defesas aéreas da região em torno da capital por ora deram conta do recado.

O novo incidente, seja qual for sua natureza, tende a impactar a já difíceis negociações. Nesta segunda, Zelenski disse que faltam acertos sobre as questões territoriais, mas anunciou que Trump lhe prometeu garantias de segurança contra uma nova ação russa por 15 anos, sem detalhar como isso aconteceria.

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