Salvador já teve 15 mortes durante suposta greve da PM; Prisco nega terrorismo
Ao menos dois ataques tiveram autoria confirmada pela SSP como sendo de PMS ligados a ASPRA

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Salvador contabilizou 15 mortes, desde que o suposto movimento de paralisação da Policia Militar da Bahia foi anunciado pelo coordenador geral da Associação dos Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (ASPRA), Soldado Prisco, na quarta-feira (9) à noite. Os dados não levam em consideração possíveis mortes que ocorreram na madrugada desta sexta (10).
Além disso, ao menos dois ataques tiveram autoria confirmada pela SSP como sendo de PMS ligados a ASPRA. Em um destes, um policial foi baleado.
No entanto, o deputado estadual Marco Prisco nega as acusações feitas pelo secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, Mauricio Barbosa, de que seria ele o mandante dos ataques que vem acontecendo na capital baiana. “Historicamente, durante os movimentos reivindicatórios soltam notas e tentam manipular os veículos de comunicação com o único objetivo de colocar a população contra a categoria. Não vai acontecer. Apresente provas, aja legalidade, prenda os culpados que apoiaremos as prisões”, rebateu.
Prisco acusa Barbosa de ser leviano em sua denúncia e de tentar criminalizar o movimento. “O secretário de Segurança Pública tem utilizado de uma política de mentira e enganação, tentando criminalizar o movimento. Os atos que estão acontecendo todos os dias, arrastões, assaltos, acontecem independente da greve da Policia Militar ou não”, justificou.
Os PMs reivindicam melhorias no Planserv, plano de carreira e reajuste do benefício da Condição Especial de Trabalho (CET).
O governo do Estado, através do titular de Segurança Pública, tem imposto a liderança da Aspra ações de "terrorismo".
"Inexplicavelmente, ônibus são colocados enviesados nas pistas logo após a assembleia... Temos imagens de policiais que são colocados, sobre essa situação, da viatura na Gal Costa, que foram tirados... E colocaram no papel (em depoimento) a presença de pessoas que estão vinculadas ao movimento paredista. São ações que foram repetidas nas greves de 2012 e 2014. É muito importante que se venha a público para dizer que depois da dita decretação da paralisação essas coisas inexplicavelmente voltaram a acontecer”, acusou Mauricio Barbosa.
Barbosa afirmou ainda que Prisco, como deputado, deveria buscar as mudanças através da política. "Se tiver qualquer necessidade de avanço, que seja colocado perante o parlamento. Ele não se comporta como deputado estadual. Hoje ele é deputado, ele tem poder de propor políticas e discutir isso dentro da Assembleia Legislativa. Isso é o estado democrático. Estamos subvertendo a ordem política, democrática, querendo impor ao Estado a sua vontade, sob ameaça de paralisação da atividade policial, colocando a população, 14 milhões de pessoas em risco. Não foi eleito como deputado? Então discuta suas ideias dentro da Assembleia Legislativa. Tem legitimidade para isso", criticou.
Líder das greves na Bahia em 2012 e 2014, Prisco foi preso em ambas às vezes acusado de terrorismo e de ser mandante de crimes, com o objetivo de pressionar o governo para atender suas imposições. Em 2014, foram registrados 39 homicídios em Salvador e região metropolitana apenas nas 42 horas iniciais de greve.
O deputado acusou o governo de forjar as provas do processo. “O processo que o Governo do Estado forjou me enquadrando em diversos artigos da lei de segurança nacional me inocentou. Então o secretário está mentindo”, garantiu.
Todavia, depois de ser preso em 2014, Prisco foi proibido pela Justiça Federal de ter contato com diretores das associações, inclusive da Aspra, e de frequentar quartéis. Ele recorreu, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) negaram. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) estuda acionar judicialmente o deputado estadual pelo atual estado de greve.
Uma matéria veiculada pelo Jornal Nacional mostra uma conversa de Prisco com David Salomão, arquitetando uma onda de ataques na greve de 2014. Confira:
Eleições 2020
Prisco negou ainda que o movimento seja o inicio de uma mobilização partidária visando às eleições de 2020. Durante a greve de 2014, o mesmo argumento foi utilizado. O coordenador da Aspra, no entanto, foi eleito pelo Partido Socialista Cristão com 53 mil votos.