Secretário do Tesouro aponta que rombo nas contas públicas pode chegar a R$ 700 bilhões em 2020
Declaração foi dada em audiência

Foto: Agência Brasil
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta quarta-feira (13) que o déficit fiscal em 2020 pode chegar a R$ 700 bilhões e a dívida em relação ao PIB pode passar dos 90%. Ele participou de uma audiência na Comissão do Congresso que acompanha os gastos do governo em face da pandemia do novo coronavírus.
“Este ano, a nossa melhor expectativa é que esse rombo vai crescer para algo como mais ou menos R$ 600 bilhões, 8% do PIB, eventualmente será ainda maior, essa conta pode chegar a até R$ 700 milhões e passar de 9% do PIB. É um déficit muito grande, quando um governo gasta muito mais do que arrecada, significa que ele tem que pedir emprestado e a dívida vai crescer”, pontuou.
Almeida afirmou que a relação da dívida com o PIB pode chegar a 90%. Esse índice terminou em 76% em 2019. Segundo ele, o índice não preocupa muito se o país for capaz de crescer e “pagar” parte da dívida com crescimento. “As pessoas que vão fazer investimentos no Brasil durante 20, 30, 40 anos, querem ter a certeza que o Brasil ao longo do tempo vai conseguir pagar sua dívida, conseguir controlar o crescimento da sua dívida em relação à economia. É por isso que precisamos crescer e por isso que as reformas são tão importantes para o país”, afirmou.
Regra de ouro
Ainda segundo o secretário, o governo vai precisar pensar em alguma forma de modificar a regra de ouro, porque ela não será cumprida nos próximos anos. “A perda de receita ficou tão grande, o buraco fiscal ficou tão grande, que hoje a gente tem que pedir emprestado para pagar despesas correntes essenciais. A gente vai ter que lidar de alguma forma em mudar a regra de ouro porque o Brasil não cumprirá a regra de ouro até o final desse governo e talvez no início do próximo também”, disse.
A regra de ouro é uma legislação orçamentária que proíbe o governo de se endividar para pagar despesas correntes, como benefícios sociais e salários. Para descumprir a regra, o governo precisa pedir uma autorização ao Congresso.
Auxílio emergencial
Questionado sobre a extensão das medidas do governo para mitigar os efeitos da pandemia, o secretário disse que é necessário esperar para ver como será o desenrolar da crise.
As medidas são pensadas para um período de três meses. Se os efeitos passarem desse tempo, Mansueto disse que o governo precisará conversar com o Congresso para verificar “o que é possível fazer”.