Senador Omar Aziz diz que indícios na CPI apontam para crime de responsabilidade de Bolsonaro

Às vésperas do encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, o presidente da comissão, Omar Aziz, diz em entrevista à revista Veja, pulicada nesta quinta-feira (9), diz que os indícios já apontam para um crime de responsabilidade — que pode lhe render um processo de impeachment na Câmara. 

Para o senador, ao menos três fatos graves apurados pela CPI apontam para isso. O primeiro é a propaganda de remédios sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19; o segundo é a aposta na imunização de rebanho, logo quando a pandemia se instalou no país; e o terceiro é a omissão na compra de vacinas. "A política do governo nunca esteve voltada para a imunização, mas sim para alguns programas tirados em gabinete paralelo, de “ouvir dizer”, e isso levou ao caos", diz Aziz.  

O presidente da CPI  diz que estes fatos foram confirmados a partir do depoimento do ex-secretário da Secom Fabio Wajngarten que apresentou um documento mostrando que a Pfizer tentava entrar em contato com o governo para a compra de vacinas, desde agosto do ano passado, mas não foi respondida pelas autoridades.

Aziz ainda diz que quando foi enxergada que a imunização seria "realmente necessária, o governo facilita a entrada de pessoas no Ministério da Saúde para comprar vacinas por meio de intermediários, para ter lucro, tirar dividendos disso. Negligenciam as fabricantes sérias, mas dão prioridade a essas outras, como o caso da Covaxin, o mais barulhento até agora. Os indícios de crimes por agentes públicos são muitos", completa o senador.

Quando perguntado se a CPI pedirá o impeachment do presidente, Omar Aziz é cauteloso, e diz que fatos levam a isso, como a propagando antivacina, mas que não pode se antecipar à conclusão final do relatório. Porém, reafirma que caso os indícios forem contra Bolsonaro, ele estará no relatório final.

As diversas afirmações do presidente Jair Bolsonaro sobre ter enviado dinheiro aos estados foi confirmada por Omar Aziz, ao dizer que muitos recursos foram aprovados no Congresso. Porém, ele diz que a gestão não era só  o gasto e diz que o Estado poderia ter tomado providências, estabelecendo uma política sanitária, mas fez o contrário e ficou colocando a culpa nos governadores. 

O senador avalia bem o trabalho do STF durante a pandemia ao fixar que cada estado e cidade possuem peculiaridades. E fica satisfeito ao falar que uma pesquisa recente, 67% da população acompanha a CPI e 57% aprovam o trabalho da CPI.

O presidente da CPI afirma que ainda não sabe o impacto que a investigação terá nas eleições de 2022, já que "a política é muito dinâmica e as pessoas mudam", fala o senador.