"Sensação foi de esperança", diz primeira vacinada contra a Covid-19 na Bahia
Maria Angélica de Carvalho Sobrinho tomou a primeira dose há exato um ano

Foto: Gilberto Jr / Farol da Bahia
O início da vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, completa um ano na Bahia nesta quarta-feira (19). Dois dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial do imunizante CoronaVac, em 17 de janeiro de 2021, a enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, de 54 anos, recebeu a primeira dose no santuário das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. A cerimônia simbólica que marcou o início da vacinação no estado trouxe esperança e, sobretudo, mudou a vida da profissional de saúde.
Moradora do bairro do Imbuí, na capital baiana, Maria Angélica trabalha no Hospital Couto Maia e atua na linha de frente no combate à pandemia. Em entrevista ao Farol da Bahia, ela afirmou que a vacinação é imprescindível para conter a disseminação da Covid-19 e evitar o agravamento da doença em caso de infecção. A enfermeira lembrou, ainda, de quando contraiu o vírus e, devido a complicações, precisou ser internada.
“Quando faltavam três dias para eu receber a segunda dose da vacina comecei a ter alguns sintomas como, por exemplo, dor muscular, febre e um pouco de falta de ar ou congestão nasal. No hospital, nós tínhamos a periodicidade de realizar o exame de testagem a cada 15 dias. Nesse caso, deu positivo. O resultado foi confirmado dias antes da data que estava programada para eu receber a segunda dose da vacina. Com isso, fiquei os três primeiros dias em isolamento. Depois, comecei a sentir falta de ar e resolvi recorrer a unidade de emergência", explicou Maria Angélica.
“Lá, eles resolveram me internar porque eu precisava de oxigênio e minha saturação estava um pouco baixa. Vale reforçar que a quantidade de oxigênio que precisei foi pouca, acredito que tenha a ver com a imunização. A primeira dose da vacina, sem dúvidas, colaborou para o não agravamento do meu caso. Na época, o trabalho desenvolvido pelos profissionais também foi muito importante”, completou.
Segundo a enfermeira, essa situação fez com que ela valorizasse muito mais a vida e, além disso, “a oportunidade de ter sido vacinada”. Para Maria Angélica, é inexplicável o sentimento de ter recebido a primeira dose do imunizante no estado. “Ao receber a vacina a sensação foi de responsabilidade, esperança e gratidão. Mas tenho que confessar que também senti um pouco de medo, afinal nós não sabíamos muita coisa sobre o coronavírus naquela época. Então, o medo foi justamente por ser algo desconhecido”, disse a profissional de saúde.
“No dia, eu não sabia que seria a primeira pessoa a receber a vacina aqui na Bahia. Como enfermeira, acreditei que iria ao local vacinar uma pessoa. Quando cheguei no Irmã Dulce, tive essa surpresa. Foi uma explosão de sentidos, que inclui alegria, gratidão, responsabilidade e ansiedade. O medo esteve presente, mas se tornou pequeno devido à esperança que foi lançada naquele momento de uma expectativa de vida. No meio de tantas mortes e pessoas distantes da família, a vacina foi uma esperança”, afirmou Maria.
Vacinação completa
A enfermeira recebeu a segunda dose do imunizante no dia 20 de março de 2021. Ainda em entrevista ao Farol da Bahia, ela afirmou que já recebeu a terceira dose e, devido ao aumento de casos da Covid-19 e ao surto de gripe, pediu para que as pessoas não deixem de se vacinar e cumprir os protocolos de segurança para evitar a disseminação dos vírus.
“Já estou vacinada com as três doses, graças a Deus. Com a imunização, nós vamos conseguir reduzir os internamentos prolongados e a exacerbação de sintomas mais graves. Quando uma pessoa não se vacina ela, sem dúvidas, fica sujeita a desenvolver sintomas mais graves e isso aumenta as chances de internamento. A vacinação não quer dizer que o indivíduo não vá contrair a doença, mas ele fica menos sujeito a morte e internação. Com a vacinação, os sintomas serão mais leves”, afirmou a enfermeira.
“Neste momento, a orientação é que é preciso se vacinar. A imunização é necessária, só através dela e do isolamento social a população vai conseguir atingir a liberdade. Somente com a vacinação nós vamos conseguir reduzir a mortalidade”, completou.
Segundo ela, a vacinação também é necessária para reduzir o número de pessoas que estão superlotando os gripários na capital baiana. “A maioria das pessoas não completaram o esquema vacinal ou não mantiveram os critérios necessários, como o distanciamento social e o uso de máscara, para conter a propagação dos vírus. É necessário que a população colabore respeitando os meios que impedem que essa doença se espalhe”, concluiu Maria Angélica.
Vacinação Bahia
Segundo dados do painel de vacinação da Secretaria de Saúde do estado (Sesab), o total de imunizados com a primeira dose é de 10.900.691. Já com a segunda dose, foram vacinadas 9.040.834 pessoas.