Sensibilidade zero
Confira nosso editorial deste sábado (25)

Foto: Agência Brasil
Em meio a uma pandemia assustadora, com milhares de mortos e doentes, além da questionável capacidade do sistema de saúde público em comportar tudo e todos que se esperam pela devastação da Covid-19, o Brasil se deparou ontem com uma irreparável racha política no governo federal.
A saída do agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o revide horas depois em cadeia nacional do presidente Jair Bolsonaro, ante acusações e a perda de um importante – agora – ex-aliado, escancara uma imensa falta de sensibilidade de todos os envolvidos na situação.
Primeiro, evidente, diante da crise sanitária que assola sem trégua o país. Nunca é demais mostrar em números: o Brasil tem 52.995 casos confirmados do novo coronavírus. Destes, 3.670 vieram a óbito e 26.573 estão recuperados, ou seja, ainda existem 22.752 pessoas sob o risco de morte, entre leitos de UTIs, isolados em casa ou simplesmente em corredores de hospitais à espera de uma vaga para um cuidado digno.
Qualquer prioridade distinta ao combate à Covid-19 e a desfragmentação econômica provocada pela pandemia, não há dúvida, é delírio, soberba ou delinquência. A sexta-feira do dia 24 de abril de 2020 é uma data a ser esquecida na história do Brasil, tamanho estardalhaço proporcionado por egos políticos e sede por mais poder que lhes cabem.
O dólar atingiu um valor recorde ea bolsa despencou sucessivamente por questões diretas ligadas ao fim lastimável da Era Moro no governo federal. Nada bom. Ontem, a popularidade de si mesmo, e isso recai sob qualquer protagonista deste fatídico dia, ficou acima da vida de toda a população brasileira.


