O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sente a pressão que lhe fazem, muito devido por sentar na principal cadeira da Corte. A responsabilidade do ofício, quando desvirtuada a mazelas, será cobrada em dobro, além de criticada ferrenhamente se beirar o desrespeito perante outros poderes da nação e, claro, diante da sociedade.
A revogação do pedido dos relatórios de inteligência financeira que o Coaf produziu nos últimos três anos, referentes a 600 mil pessoas, é um sinal de que Toffoli ao menos pondera a gravidade da questão.
De acordo com o ministro, as informações oferecidas pela UIF (nova sigla do Coaf) o satisfizeram tornando desnecessário consultar o material, mas existe o outro lado da história: um jornalista da Folha de S. Paulo garante que Toffoli receberia os relatórios num sistema digital, com login e senha, diferente dos dados em papel como exigira.
O papel não deixa qualquer registro de quem viu qual relatório. O sistema oferecido deixa. Daqui pra frente, é tudo suposição: qual o medo de Toffoli? Será que os relatórios seriam endereçados a outras pessoas fora do STF, que não podem ser rastreados?
Isso se a versão do jornal for verídica, claro. Afinal, já é uma afronta o mero pedido de acessar os tantos relatórios – sobre dados financeiros de 600 mil pessoas e empresas. Além de desautorizar as outras instâncias do Judiciário e Legislativo, seria ver o STF (na berlinda) também acessar ilegalmente o sigilo bancário de cidadãos.
Nesse imbróglio, pesa ainda a figura do Procurador-Geral da República, Augusto Aras. O baiano, que demonstra vigor no ofício, antes mesmo do recuo de Toffoli, expressou sua recusa ao informar ao ministro os nomes dos procuradores que acessam os documentos.