Embora o congelamento de óvulos tenha melhores resultados se feito antes dos 35 anos, dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que a maioria dos procedimentos feitos no Brasil é realizado por mulheres que têm 35 anos ou mais. Entre 2020 e 2021, foram registrados 21.059 ciclos de estimulação dos ovários para congelamento de óvulos. Destes, 72,4% foram realizados por mulheres nessa faixa etária.

Não há limite de idade para a realização do procedimento de congelamento de óvulos, mas a resposta da mulher piora com o passar dos anos. Por isso, os médicos recomendam que as mulheres o façam antes dos 35. Em entrevista ao jornal Estadão, Especialistas em reprodução assistida afirmam que a maior parte das mulheres acaba realizando o procedimento depois da idade considerada ideal por motivos profissionais, sociais e financeiros.

Com a priorização da carreira e dos estudos, algumas mulheres adiam não só a gravidez, mas a decisão sobre se querem ou não ter filhos, o que impede que elas se planejem até mesmo sobre o congelamento de óvulos. "Às vezes ela assume novas responsabilidades no trabalho, decide fazer um novo curso, uma pós-graduação e a vida vai seguindo. Se a pessoa não tem o desejo de gestar naquele momento, nem sempre isso surge como uma prioridade e aí o 'clique' sobre a gravidez vem mais tardiamente. Também há os casos de mulheres que tinham um relacionamento e se separam com 35, 36 anos e optam por congelar pela incerteza de quando encontrarão um novo parceiro", diz o ginecologista e obstetra Alvaro Pigatto Ceschin, presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).