Sugestão inapropriada
Confira o nosso editorial desta quarta-feira (22)

Foto: Reprodução
‘Politizar a pandemia’ é uma exaustiva expressão que contorna o combate à disseminação da Covid-19 (novo coronavírus) no Brasil. Por mais que se escancare a perversidade da questão (politizar a pandemia), autoridades insistem em dar opiniões um tanto equivocadas, às vezes desumanas, sobre como trabalhar com medidas que dizem respeito ao momento único em que passa a humanidade.
No último domingo, foi o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, que fez uma desagradável e insensata sugestão via Twitter: sugere que àqueles a favor da flexibilização da quarentena, que assinem um documento, oficializando sua renúncia ao acesso a leitos da UTI, tanto para o indivíduo como para os parentes.
Uma proposta descabida como essa, ainda mais vinda de um secretário de saúde, merece ser exposta na íntegra para que não dê brechas para má interpretações: “Em meio à fase mais crítica da pandemia na BA, será que essas pessoas que pregam o relaxamento do distanciamento social aceitam assinar um termo renunciando o acesso a leitos de UTI e ventilação mecânica para si, para seus pais e seus filhos?”.
É cabível uma crítica ao relaxamento do isolamento social. Ele, como secretário da pasta de saúde do Estado, pode emitir alguma opinião de acordo com as diretrizes do governo sobre o controle da pandemia. No entanto, existem muitas irregularidades na sua proposta.
Primeiro, porque é segregadora, segundo porque é ilegal: ele, e muito menos o Estado, tem o poder de retirar de qualquer indivíduo o acesso à saúde, independente da circunstância. Beira um discurso de ódio, sem dúvida. O momento é delicado e exige de autoridades, como Vilas-Boas, o bom senso e a inteligência, que passaram longe neste comentário infeliz.


