Telemedicina fez aumentar venda clandestina de dados de saúde, diz levantamento
Informações de saúde rendem altos números nas transações de mercados clandestinos

Foto: Pixabay
Dados de um levantamento da consultoria PwC apontam que informações de saúde, sejam elas pessoais ou clínicas, valem por volta de 25 vezes mais em transações de mercados clandestinos em comparação com material financeiro. A alta cotação para conteúdo do tipo, segundo os pesquisadores, está relacionada à sua complexidade. Diferentemente de outras informações comercializadas ilegalmente, como Cadastro de Pessoa Física (CPF), registros de saúde geralmente são por natureza cruzados. A ficha de um paciente pode dar acesso a inúmeros dados como, por exemplo, filiação, números de documentos e endereço.
Para realizar o estudo, a PwC contou com a participação de 3,2 mil executivos das áreas de segurança, negócios e tecnologia. De acordo com o levantamento, metade (48%) dos executivos brasileiros que trabalham no setor aumentaram o orçamento na área de cibernética neste ano. Os pesquisadores apontam que a decisão é fundamental para a subsistência e evolução do negócio. Isso porque uma pesquisa de 2019, realizada pela mesma consultoria, mostra que 50% dos executivos do setor no país afirmam que a preocupação com a cibersegurança e a privacidade prejudica estratégias digitais.
“Em tese, para cada nova estratégia (de uso dos dados), podemos ter uma nova ameaça. Os dados de saúde são os que mais valem para os hackers, eles têm valor de venda, porque há grande conteúdo”, disse Eduardo Batista, sócio e líder de Cyberseurity da PwC.
A preocupação com o tema se faz ainda mais importante diante do avanço da telemedicina, autorizada no Brasil em caráter provisório desde 2020. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), já foram realizadas, ao menos, 4,2 milhões de teleconsultas no Brasil, desde o começo da pandemia, até agosto. O número leva em conta operadoras de saúde que atendem, ao todo, 9 milhões de pessoas.