‘Tragédia’, diz Margareth Dalcolmo sobre alta formação médicos atualmente no Brasil
País voltou a permitir abertura de novos cursos de medicina

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No final do ano passado, o Brasil voltou a permitir a abertura de novos cursos de medicina pelo país. A medida estabelece critérios, como a localização em um dos 1.719 municípios pré-selecionados que enfrentam um déficit de profissionais em relação à média nacional.
A proibição estava em vigor desde 2018, quando foi instituída com validade de cinco anos pelo ex-presidente Michel Temer, que argumentou ser necessário controlar a qualidade da formação dos novos médicos.
Em entrevista ao jornal O Globo, a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Academia Nacional de Medicina (ANM), Margareth Dalcolmo, expressou preocupação com a liberação da abertura de novos cursos, classificando como uma "tragédia" a formação de muitos médicos atualmente no Brasil, especialmente em diversas universidades privadas.
“Existe uma discussão delicada que é qual a qualidade dos médicos que estamos formando. Eu considero uma tragédia a formação de muitos hoje no Brasil em diversas universidades privadas. Temos unidades formando profissionais sem ter nenhum hospital de base para treiná-los”, disse.
“O que está hoje no Ministério da Educação é que seria necessário que o Brasil ofertasse cerca de 10 mil novas vagas para alcançar a média da OCDE. Mas essas vagas não podem ser todas em universidades cujos donos são de grandes conglomerados que auferem um lucro extraordinário com isso, sem que se compense por uma qualidade mínima de médicos!, completou.
Número de profissionais
Em 2023, o Brasil chegou a 562.229 profissionais, mais que o dobro em relação ao contingente de 2010. A pesquisa Demografia Médica no Brasil revela ainda uma proporção de 2,6 profissionais a cada mil habitantes. A taxa, porém, ainda não chegou à meta de 3,3 do Ministério da Saúde, média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).