Trajetos feitos por jatos investigados pela PF coincidem com agenda de Antonio Rueda, chefe do União Brasil

Investigações da Polícia Federal (PF) indicam que, os trajetos dos jatos que teriam sido utilizados por integrantes de organização criminosa, infiltrados no setor de combustíveis, apresentam coincidências com a agenda do presidente do União Brasil, Antonio Rueda. As informações são da coluna da jornalista Malu Gaspar, do portal "O Globo".

Conforme divulgado na coluna, um piloto, identificado como Mauro Caputti Mattosinho, que trabalhou para a Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), administradora dos aviões, prestou depoimento a PF em um aeroporto em São Roque, município de São Paulo.

Durante o depoimento, Mattosinho contou aos investigadores que transportou, em diversas ocasiões, dois homens apontados como líderes criminosos, identificados como Mohamad Hussein Mourad, conhecido como "o Primo", e Roberto Augusto Leme Silva, chamado de "Beto Louco". O piloto ainda afirmou ter ouvido dos superiores na empresa que os aviões pertenciam a Rueda.

Em entrevista ao portal "ICL", Mattosinho relatou que ao menos quatro aeronaves foram adquiridas e agregadas à frota administrada pela empresa, sob a justificativa que o grupo administrado por Rueda era muito forte e tinha "muito dinheiro que precisava gastar".

Entre as aeronaves citadas, está um Gulfstream G200, jato com autonomia para viagens intercontinentais, capacidade de transportar até dez passagens, e avaliado em R$ 21 milhões. Através da utilização da ferramenta transponder, a coluna divulgou alguns trajetos realizados pela aeronave.

As viagens do Gulfstream G200 marcam locais como Lisboa, em Portugal, e Nova York, nos Estados Unidos, as apurações indicam que em ambas viagens Rueda cumpria pautas políticas, como presença nos eventos "Gilmarpalooza", e "Brazilian Week", respectivamente.

Mattosinho ainda relatou que Rueda teria testado outro jato que estaria em processo de aquisição, um Gulfstream G500, que esteve na Grécia no início de agosto, em uma ilha paradisíaca que é destino de bilionários e famosos. Após a reunião na Grécia, que inclusive contou com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, e dono da plataforma responsável pelo Fortune Tiger, popularmente conhecido como "jogo do tigrinho", Fernando Oliveira Lima, o jato seguiu para Roma, na Itália.

Após a visita a Itália, lideranças do União Brasil se reuniram na Suécia, para um evento denominado "The Amazon.life", para um diálogo sobre o futuro da Amazônia.

O que diz Rueda?

Em nota, Rueda nega ter voado para a Grécia no G500, e alega ter viajado em um voo da concessionária "British Airways". O presidente do União Brasil alega que as acusações são tentativas de vincular a imagem dele a "denúncias vazia e politizadas" para atingir a reputação pessoal e do partido. Além de ter negado que as aeronaves o pertenciam.

Confira nota divulgada por Antonio Rueda na íntegra:

"Eu repudio, mais uma vez, as tentativas de vincular minha imagem a denúncias vazias e politizadas em busca de atingir a minha reputação e desgastar o partido que presido. Minhas movimentações financeiras e declarações contábeis estão à disposição das autoridades competentes, responsáveis por fiscalizar todo cidadão brasileiro. Essas acusações falsas sobre aeronaves que não pertencem e nunca pertenceram a mim não irão prosperar."