Trump entra na Justiça para bloquear novo mapa eleitoral da Califórnia, que é comandada por rival

O Departamento de Justiça dos EUA entrou nesta quinta-feira (13) com uma ação judicial para bloquear o redesenho dos distritos eleitorais aprovados pelo eleitores da Califórnia na semana passada - e que pode garantir mais cadeiras a deputados democratas em Washington.

O redesenho é o mais novo capítulo da batalha judicial que pode definir qual partido controlará a Câmara dos Deputados dos EUA em 2026, quando serão feitas novas eleições legislativas. Caso exista maioria democrata na Casa, o presidente Donald Trump pode ter problemas para aprovar os projetos da agenda.

Nos EUA, ao contrário do Brasil, cada deputado é eleito por um distrito, que é uma área delimitada dentro de um estado.

O ato de redesenhar os distritos com intenção de "quebrar" redutos de um partido e integrá-los a distritos de maioria rival é denominada, no país, de "gerrymandering".

Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs redesenhar o mapa eleitoral do Texas para "quebrar" distritos tradicionalmente democratas e realizar o estado eleger mais republicanos.

Depois da aprovação da proposta no Texas, o governador da Califórnia, Galvin Newsom, que é democrata, apresentou um projeto para realizar um redesenho semelhante ao estado, para favorecer o partido.

Trump contudo, contesta o remapeamento.

Batalha judicial

A ação do Departamento da Justiça de Trump prepara o terrento para uma batalha jurídica e política de alto risco entre o governo republicano e o governador democrata, visto como um provável candidato à presidência em 2028.

“O plano de redistribuição de distritos eleitorais da Califórnia é uma descarada manobra para usurpar o poder, atropelando os direitos civis e zombando do processo democrático”, disse a Procuradora-Geral Pam Bondi em um comunicado encaminhado por e-mail. 

“A tentativa do Governador Newsom de consolidar o domínio de um único partido e silenciar milhões de californianos não será tolerada.”.

Os eleitores da Califórnia aprovaram de maneira esmagadora a Proposição 50, uma emenda constitucional que modifica os limites dos distritos eleitorais para dar aos democratas a chance de conquistar cinco cadeiras atualmente ocupadas por republicanos nas eleições de meio de mandato no próximo ano.

O Departamento de Justiça se junta a um protesto que contesta o novo mapa eleitoral, movido pelo Partido Republicano da Califórnia na semana passada.

O governo Trump acusa a Califórnia de manipulação eleitoral baseado em critérios raciais, violando a Constituição ao utilizar a raça como fator para favorecer eleitores hispânicos com o novo mapa. O governo pede a um juiz que proíba a Califórnia de utilizar o novo mapa em futuras eleições.

“A raça não pode ser usada como instrumento para promover interesses políticos, mas foi exatamente isso que a Assembleia Geral da Califórnia fez com a Proposição 50 — a recente iniciativa popular que descartou o mapa eleitoral preexistente da Califórnia em favor de uma reorganização apressada dos distritos congressionais do estado”, destaca o processo.

Caso texano 

A Proposta 50 foi a resposta de Newsom às manobras de Trump no Texas, onde os republicanos remodelaram os distritos na esperança de conquistar cinco cadeiras próprias antes das eleições de meio de mandato de 2026, quando o controle da Câmara estará em jogo.

Os democratas necessitam conquistar somente algumas cadeiras a mais no próximo ano para poder assumir o controle da Câmara, o que colocaria em risco a agenda de Trump pelo restante do mandato e abriria caminho para investigações do Congresso sobre o governo. Os republicanos possuem 219 cadeiras, contras 214 dos democratas.

O confronto entre os dois estados mais populosos do país e se espalhou por todo território nacional, com Missouri, Ohio e outros estados adotando novas linhas distritais para conseguir obter vantagem partidária ou considerando fazê-lo.

As implicações nacionais da proposta de emenda constitucional da Califórnia ficaram claras tanto pelo dinheiro que atraiu quanto pelas figuras de destaque que se envolveram.

O ex-astro de filmes de ação e governador republicano ArnoldSchwarzenegger se mostrou contrário a proposta, enquanto o ex-presidente Barack Obama, um democrata, apareceu em anúncios apoiando-a, chamando-a de uma abordagem "inteligente" para neutralizar as manobras republicanas dedicadas a salvaguardar o controle da Câmara.

A disputa proporcionou a Newson uma plataforma nacional, tendo em vista que ele confirmou que considera se candidatar à Casa Branca em 2028.