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Trump poderia desestabilizar a América Latina com investida contra Maduro, apontam analistas

Avaliações indicam que postura do republicano reacende temor sobre os rumos da política dos EUA para a região

Por Da Redação
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Trump poderia desestabilizar a América Latina com investida contra Maduro, apontam analistas

Foto: Arquivo Agência Brasil I Reprodução

Os Estados Unidos voltaram a discutir opções de ação militar na Venezuela em meio ao aumento de tensões entre Washington e o governo de Nicolás Maduro. O presidente americano, Donald Trump, afirmou que acredita que “os dias de Maduro estão contados” e não descartou ataques no território venezuelano. A informação foi divulgada pela CNN, que também confirmou que o republicano recebeu nesta semana um novo briefing com alternativas de intervenção.

Apesar das declarações de Trump, analistas apontam que os EUA não dispõem hoje de estrutura militar suficiente para uma operação de larga escala destinada a remover Maduro do poder. A administração, no entanto, já autorizou operações sigilosas e deslocou mais de uma dezena de navios de guerra e cerca de 15 mil militares para a região dentro da Operação Lança do Sul.

Especialistas consultados pela CNN alertam que uma eventual ofensiva pode desencadear um cenário complexo no país. Mesmo que Maduro fosse deposto ou fugisse, a possibilidade de ascensão de novos líderes do chavismo ou de uma tomada militar está no radar dos analistas.

Juan González, do Instituto das Américas da Universidade Georgetown, destacou que Maduro ocupa um papel central no equilíbrio interno do regime. Segundo ele, o próprio Maduro já disse algo como “Você quer se livrar de mim? Você acha que as coisas vão melhorar?” Em sua avaliação, a saída do mandatário poderia abrir espaço para figuras ainda mais radicais dentro do chavismo.

O ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, reforçou a avaliação sobre a força das Forças Armadas venezuelanas. “Se o exército ainda é coeso, e eu não acho que vemos qualquer evidência de que não é, eles não vão desmoronar porque há um desafio ou uma expulsão de Maduro”, afirmou. Ele acrescenta que os militares responderiam tentando manter o controle e reprimir mobilizações.

Diplomatas temem que a ausência de Maduro provoque disputas internas, agravadas pela atuação de grupos armados como o ELN colombiano e organizações criminosas envolvidas no tráfico de drogas e de metais. Um diplomata ocidental ouvido pela CNN, sob anonimato, afirmou: “Se você gosta ou não, Maduro é o que garante o equilíbrio” e completou: “se ele sair não há ninguém que possa manter o status quo ... então todos eles fecham as fileiras em torno dele”.

A Casa Branca ainda considera a oposição liderada por Edmundo González, que vive na Espanha e reivindica vitória na última eleição, como representativa. Os EUA oferecem suporte limitado, incluindo recursos de comunicação segura, também concedidos à líder opositora María Corina Machado.

González, no entanto, só teria condições de assumir o poder com suporte direto dos EUA, segundo especialistas. “Não há nenhuma maneira de garantir a sua segurança ou capacidade de governar sem que os EUA forneçam segurança”, disse Juan González.

O apoio necessário incluiria reconstrução das forças de segurança venezuelanas, capacitação policial e desbloqueio de recursos do Estado, medidas consideradas essenciais para evitar o colapso político.

Assessores republicanos ouvidos pela CNN avaliam que Trump poderia enfrentar resistência interna caso se comprometesse com uma intervenção prolongada. Uma funcionária do partido afirmou “O povo americano não votou em Trump para atrair os EUA a um conflito sustentado na América Latina”.

Mesmo assim, parte dos aliados do ex-presidente considera que recuar agora poderia ser interpretado como fragilidade. Elliott Abrams, ex-alto funcionário do Departamento de Estado, avaliou “Se ele recuar agora e Maduro sobreviver, lá vai toda a ‘nova doutrina Monroe’ e a ideia de ser supremo em nosso próprio hemisfério.”

Diplomatas lembram que uma estratégia militar deveria vir acompanhada de planejamento político de longo prazo. “O uso da força precisa criar um resultado e estar ligado a uma solução política com apoio dos EUA, e planejar esse apoio para 5-10 anos”, afirmou um diplomata regional.

O regime venezuelano conta com apoio direto ou indireto de Rússia, China e Cuba. Especialistas avaliam que, embora esses países provavelmente não enviem tropas, eles poderiam agir para minimizar o impacto de eventuais ataques norte-americanos e proteger seus interesses econômicos.

Há ainda o risco de que Maduro, pressionado, tente atacar ativos estratégicos dos EUA no Caribe. Segundo Henry Ziemer, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, “há uma chance de que se Maduro pensar que ele está caindo, ele pode fazer um movimento para atingir algo que os EUA se preocupam, como plataformas de petróleo no Mar do Caribe”.

Apesar da movimentação militar, o governo americano continua justificando a presença de tropas como parte de operações antidrogas. Ao ser questionado recentemente sobre a possibilidade de entrar em guerra com a Venezuela, Trump respondeu: “Eu duvido disso. Eu não penso assim.”

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