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Valente desde a infância, Robson Conceição colhe os frutos do estrelato no boxe

O baiano luta para ser campeão mundial pela primeira vez

Por Gabriel Rezende
Ás

Valente desde a infância, Robson Conceição colhe os frutos do estrelato no boxe

Foto: Gilberto Júnior / Farol da Bahia

Soa o gongo e começa o combate. Os lutadores ainda aquecem as luvas e ainda estudam os movimentos um do outro, quando de repente, um deles acerta um golpe em cheio no queixo do adversário e ele vai a lona. O cronômetro registrava somente 40 segundos de luta, e aquele simples boxeador, que acabara de ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas pelo Brasil, chegava ao quarto dos treze triunfos pelo boxe profissional. Assim foram os primeiros passos da meteórica e bem sucedida trajetória de Robson Conceição, no que segundo ele, em entrevista exclusiva ao Farol da Bahia, foi o embate mais rápido já vencido. Mas, quem vê o baiano cercado de holofotes e alcançando ao estrelato do esporte em tão pouco tempo, nem imagina que ele já suou muito fora dos ringues até brilhar na modalidade.

Acordar 4h da manhã para ir a feira com a avó, depois seguir para a academia treinar boxe e voltar andando quase 10 km para casa, onde iniciaria a mesma rotina no dia seguinte. Pela intensidade do dia a dia, somado ao cansaço, tudo indicava que mesmo sendo uma criança com muito gás, Robson nem começaria a carreira de pugilista, mas ele surpreendeu.

Persistente desde muito jovem, vendendo picolé, água e trabalhando como ajudante de pedreiro para ir em busca do sonho, o baiano de Boa Vista, de São Caetano, em Salvador, afirma nunca ter se incomodado com o estilo de vida, inclusive bate até saudades daquela época.

"Era um estilo de vida que eu gostava, estar próximo de minha vó, tá ajudando, não só ajudei ela em trabalho de feira, mas já fui ajudante de pedreiro, já vendi picolé na praia, já trabalhei na sinaleira vendendo água, então eram coisas que eu gostava que o jovem de hoje não pratica mais essas coisas. Isso me favoreceu bastante de estar ali guerreando desde cedo, tendo aquele foco de acordar cedo, ajudando minha vó. Eu tenho até saudade desse momento", afirmou.

Saudade de casa, família e amigos interferiram no desempenho nas Olimpíadas

Nada na carreira de Robson foi conquistado com facilidade. Nos dois primeiros Jogos Olímpicos disputados, em Pequim (2008) e Londres (2012), respectivamente, a primeira fase foi um obstáculo não superado pelo boxeador. Enfrentar adversários locais com a torcida jogando contra, era o menor dos problemas, se comparado a ficar longe de quem sempre o incentivou: a família, os amigos e não menos importante, o povo brasileiro.

"Olimpíadas não é fácil e lutar contra adversário da casa, como aconteceu nos dois jogos, infelizmente eu fiz boas lutas, porém não obtive o resultado esperado. Também tava longe de casa, da família, naquela época eu morava em São Paulo. Eu treinava lá, mas não estava feliz, não estava próximo de minha família, de meus amigos, na academia que eu gosto de treinar. Creio que foram fatores que 2016 me favoreceram. Eu pude treinar mais em Salvador, na academia Champion, pude estar mais próximo de minha família, mais feliz e com aquela energia positiva do público brasileiro, que estava presente em todas as minhas lutas, na internet, mandando mensagem de apoio, incentivo. Esses fatores foram importantes e me favoreceram bastante", disse.

Infelizmente, nem só de glórias vive um campeão olímpico. No Brasil, o futebol ainda figura como o esporte de maior divulgação, publicidade e mídia, novos jogadores surgem e logo são negociados por cifras altas para Europa. Enquanto isso, atletas de demais esportes, como é o caso de Robson, convivem com o ostracismo. Talentos que só são notados quando há competições de contornos maiores, como as próprias Olimpíadas. A convivência em outros países, ajudou o baiano a perceber o quão diferente é o tratamento.

"Aqui no Brasil deixa muito a desejar. Eu, um campeão olímpico não tenho um patrocínio. Se fosse um adversário de fora, um campeão olímpico, estaria com uma mansão, com vários patrocínios e com uma carreira muito mais avançada, mais alavancada do que a minha", citou.

Foto: Gilberto Júnior / Farol da Bahia

O incrível repertório de 13 lutas vencidas de 13 disputadas, sendo seis por nocaute, deve prosseguir, até que Robson consiga o tão sonhado título do peso pena. Depois disso, o céu é o limite para ele, que não deseja parar por aí. Novos objetivos, adversários mais fortes e maduros se tornarão uma motivação extra para que ele consiga tentar trilhar com sucesso os desafios que o esporte propõe. 

Retorno aos ringues está próximo

Momentaneamente parado após uma série de lesões nas duas mãos, o pugilista afirma que todas as vitórias conquistadas foram surpreendentemente vencidas sem que ele estivesse 100%, e fez uma projeção de quando deve voltar a lutar.

"Tive que fazer uma cirurgia nas duas mãos, decorrente das lesões. Eu acho que minhas treze lutas no boxe profissional, eu tava com a mão lesionada. Não pude ter o desenvolvimento além do que eu queria. Estava lutando limitadíssimo, por que não podia bater da forma correta, não podia bater com muita força. Tive que optar por uma cirurgia nas duas mãos. Venho agora todos os dias fazendo fisioterapia, passando gelo na mão e creio que em Abril já esteja de volta aos ringues", disse.

Foto: Gilberto Júnior / Farol da Bahia

Enquanto abril não chega, Robson aprimora a forma física para voltar aos combates, desta vez totalmente recuperado, e tentar voltar a por o sorriso no rosto, tão comum no dia a dia nos treinos, só que portando o cinturão de campeão mundial do peso pena.

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