Baiana é reconhecida como a primeira monja zen budista afro-indígena em tradição japonesa milenar
Cerimônia aconteceu no templo Shinōzan Takuonji, no Paraguai

Foto: Arquivo pessoal
A baiana de 39 anos, Rosali Eliguara Ynaê, se tornou a primeira monja zen budista afro-indígena em uma linhagem japonesa com mais de 700 anos, segundo matéria do g1 Bahia, com apuração de Malu Vieira. A cerimônia aconteceu no templo Shinōzan Takuonji, no Paraguai.
Segundo a comunidade budista da qual ela faz parte, essa é a primeira vez que uma mulher se torna monja na linhagem Soto Zen com tais características. Rosali agora passa a ser chamada de Rōzen.
"Sai da realização individual para um compromisso coletivo. Sentia essa necessidade de algo a mais, de me colocar à disposição", contou Rosali.
Nascida em Salvador e criada nos bairros de Castelo Branco e Liberdade, a mulher cursou História na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), onde conheceu a doutrina espiritual e filosófica do budismo.
Uma das professoras defendia uma tese de doutorado sobre o tema por volta de 2006. Desde então, Rōzen se interessou pela meditação e estudou diversas linhagens do budismo até chegar à tradição japonesa Soto Zen. Ainda na faculdade, a baiana também fez viagens universitárias e participou de diversos encontros pelo mundo.
A tradição Soto Zen do Budismo visa buscar a iluminação por meio da prática meditativa. A principal técnica utilizada é o zazen, uma forma de meditação sentada voltada à purificação da mente.
Já a parte afro-indígena se deve à ascendência Kariri Xocó, por parte do pai de Rōzen. Como sua mãe é sertaneja, branca e católica, a monja conviveu desde cedo com uma rica diversidade cultural e religiosa, além de manter proximidade com as religiões de matriz africana.
A cerimônia no Templo Zen Budista Shinōzan Takuonji aconteceu em maio deste ano.
Atualmente, Rōzen vive no templo no Paraguai, onde dá aulas para crianças, pratica meditação e oferece atendimentos de acupuntura para a comunidade.