Vencimento de títulos no início de 2021 coloca governo e investidores em alerta
Valor é mais do que o dobro da média registrada desde 2015

Foto: Reprodução/InfoMoney
O Tesouro Nacional deve enfrentar um enorme desafio no início do ano que vem. Uma fatura de R$ 643 bilhões em dívidas do governo federal vence entre janeiro e abril. O valor é mais que o dobro da média registrada dos últimos cinco anos. Em quatro meses, o Tesouro terá de pagar aos investidores o equivalente a 15,4% da dívida interna brasileira, num momento em que cresce a desconfiança com a sustentabilidade das contas públicas.
Para pagar essa dívida, o governo precisa se financiar ainda mais e há desconfiança entre economistas sobre a capacidade de o país de emitir títulos diante da incerteza do ajuste nas contas públicas. O Banco Central já até deu um nome para o nó que terá de ajudar a desatar: choque fiscal. A situação se agravou nos últimos meses por dois motivos.
Com a pandemia, o governo teve de gastar mais e a dívida pública deve chegar no fim do ano ao equivalente a 100% do PIB (Produto Interno Bruto), considerado um patamar muito alto para países emergentes. Seria uma situação contornável se os investidores vissem perspectiva de reversão a médio e longo prazos.
Entretanto, há o temor que eventuais medidas populistas para reeleger o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) impeçam um ajuste nas finanças públicas. A demora da resposta à piora das contas e o adiamento pelo presidente sobre o modelo de financiamento do Renda Cidadã para depois das eleições alimentou o clima de nervosismo no mercado.