Venezuelanos são convocados a quartéis por Maduro para treinamentos militares em meio à tensão com os EUA

Em meio à tensão com os Estados Unidos, o presidente Nicolás Maduro convocou reservistas, milicianos e jovens alistados a se apresentarem nos quartéis do país neste fim de semana para exercícios militares.

O objetivo, segundo o presidente, é treinar civis e militares em técnicas táticas e na prática de tiro. “Todos os venezuelanos que se alistaram [...] devem ir aos quartéis para receber treinamento e aprender a atirar nos polígonos de tiro para a defesa da pátria”, afirmou Maduro durante ato transmitido pela televisão estatal na sexta-feira (12).

A mobilização ocorre após os EUA enviarem oito navios de guerra e caças F-35 para o sul do Caribe, em operações que definiram como manobras contra o tráfico de drogas. Maduro, porém, acusa Washington de usar o combate ao narcotráfico como pretexto para interferir na América Latina e afirmou que as embarcações estariam “apontadas” para a costa venezuelana.

No discurso, o presidente também declarou ter deslocado “fuzis, tanques e mísseis” pelo país, reforçando que todas as armas da República estão preparadas para defender o território. “Quem quer paz, prepare-se para defendê-la”, disse.

Além disso, Maduro determinou o envio de cerca de 25 mil militares a estados fronteiriços com a Colômbia e o Caribe e convocou civis a se juntarem à Milícia Bolivariana, força composta por cidadãos que reforçam o efetivo militar. Segundo ele, milicianos, reservistas e jovens alistados serão distribuídos entre as 312 unidades militares do país para receber o treinamento necessário.

Tensões

Nas últimas semanas, a tensão entre Estados Unidos e Venezuela atingiu um novo patamar. O governo de Donald Trump enviou dez caças F-35 para o Caribe, além de uma frota formada por sete navios de guerra, um submarino nuclear de ataque rápido e aeronaves espiãs, com o objetivo oficial de combater cartéis de drogas latino-americanos. 

A presença militar norte-americana inclui cerca de 4.500 soldados e está concentrada próxima à costa venezuelana, onde já havia movimentação de navios e caças venezuelanos sobrevoando embarcações da Marinha dos EUA.

A escalada começou após os EUA atacarem um barco que, segundo Washington, transportava “quantidades massivas de drogas” da Venezuela, resultando na morte de 11 pessoas. Trump acusa Nicolás Maduro de controlar o Tren de Aragua, uma gangue venezuelana considerada terrorista pelos Estados Unidos, e de chefiar o Cartel de los Soles. 

Trump também responsabiliza Maduro por assassinatos em massa, tráfico de drogas, tráfico sexual e atos de violência e terror nos Estados Unidos.

Apesar da justificativa oficial de combate ao narcotráfico, analistas internacionais apontam que a magnitude da frota americana indica que a operação vai além de uma ação limitada e poderia representar uma intervenção direta contra o governo venezuelano. 

Em resposta, Maduro classificou a movimentação americana como “a maior ameaça à América Latina do último século” e afirmou que, se a Venezuela for atacada, o país entrará em um “período de luta armada”. Segundo o presidente, os navios e submarinos transportam cerca de 1.200 mísseis apontados para o território venezuelano.