Vídeo: “Não precisamos abrir mão da nossa identidade para ocupar qualquer lugar”, destaca Samuel Vida
Convidado do Podomblé critica estereótipos e defende pluralidade de trajetórias para a população negra

Foto: Farol da Bahia
No episódio do Podcast Podomblé, o advogado, professor de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Ogã de Xangô do Terreiro do Cobre, Samuel Vida, refletiu sobre como o racismo impõe limites simbólicos às trajetórias da população negra no Brasil.
Segundo Samuel, há um confinamento social que reconhece o negro apenas em determinados espaços:
“O racismo também nos oferece um confinamento. Você vai ser reconhecido se atuar na área da cultura, entendida como entretenimento. Então, se eu disser em qualquer lugar que sou cantor de reggae, está tudo bem. Mas, quando digo que sou médico, advogado ou juiz, com essa cara, essa roupa, esse cabelo, a reação já é diferente”, afirmou.
Vida ressaltou que, muitas vezes, a identidade negra é aceita apenas em papéis associados ao esporte e à música, enquanto profissões de prestígio ainda são vistas com estranhamento.
“É possível que me abracem quando digo que sou músico, mas dificilmente reagem da mesma forma quando digo que sou advogado. Isso revela um processo de hiperespecialização que conduz parte do nosso povo a não acreditar que podemos ocupar outros lugares”, destacou.
Para o advogado, romper com essa lógica é fundamental para que as novas gerações cresçam entendendo que podem ocupar qualquer espaço sem renunciar à própria identidade.
“Podemos ser também médicos, juízes, governadores da Bahia, com cabelo Rastafari, com bata africana. É importante que meninos e adolescentes percebam que eles podem ser o que quiserem, sem precisar se travestir ou abrir mão da sua cultura”, concluiu.
Confira mais no vídeo abaixo: