Dois pensadores modernos, Thomas Sowell e Jean Paul Sartre, disseram duas verdades indiscutíveis. O primeiro afirmou que “a ideologia sempre falha, quando confrontada com a realidade” e o segundo disse que “a prática sempre surpreende a teoria”. Sowell, norte-americano, exprimiu um pensamento político e Sartre, por sua vez, o ponto de vista filosófico.
Ambos falaram sobre a mesma coisa, cada qual a seu modo. O importante é fazer um pequeno esforço para compreender que, independente do seu valor intrínseco, a ideologia não prevalece, quando o que está em jogo são os interesses, principalmente na “real politique” que rege os assuntos diplomáticos e geopolíticos.
O presidente norte-americano, Donald Trump, age desse modo por instinto animal, como uma fera caçadora que não perde a oportunidade de golpear mortalmente uma simples gazela, com a finalidade de satisfazer seu apetite e índole.
Agora mesmo, a fera, como toda fera, viu vitoriosa sua gana de devorar a gazela, raivosa e provocadora, cuja presa destina-se a conter o avanço com que os chineses submetiam a grande potência norte-americana à dependência de sua fabulosa reserva de terras raras, tão necessárias às invenções tecnológicas de nossa era.
Como toda fera, atraiu a sua presa com cantos maviosos e declarações de amor, recebendo em troca 23% das reservas mundiais conhecidas das tais terras raras e de quebra a simpatia inesperada da corte da gazela apaixonada.
Trump não traiu a sua natureza. Ele é o escorpião que mordeu o elefante gentil que lhe carregou na travessia do rio. Não há o que agradecer, nem o que reclamar.
Mas, há muito o que aprender. A começar, recuperando a real história entre os dois presidentes: o norte-americano e o brasileiro.
Só não vê quem não quer, que o brasileiro é um tonto, raivoso, cuja palavra não passa de uma diarreia mental, que não mede consequências e destila ódio e ameaças, mesmo que tais diatribes sejam dirigidas à maior militar do mundo. Considera-se um exímio negociador sindical, capaz de superar as sutilezas do norte-americano, que nunca eleva a voz e conduz o interlocutor a crê nas suas juras de amor, repentinas e doces, pronunciadas com olhares sedutores dos seus olhos azuis.
Trump concede a Lula o que ele próprio criou, as sanções aplicadas ao violador de direitos humanos, como num passe de mágica. Recebe em troca as terras raras que lhe tiram o sono, o insuportável pesadelo chinês. Essas sim, palpáveis e úteis para os norte-americanos!
O Lula negociador, saltitante e vitorioso, dá pulos de alegria. Trocou inestimáveis riquezas do país por um dólar furado e a corja de seus seguidores festejam essa vitória de Pirro! Tudo isso para salvar do opróbio um único homem, que nem sequer deixará de ser um violador contumaz dos direitos humanos!
Pouco importa que todas as farsas sejam desmascaradas, que o jogo de poder revele a natureza dos dirigentes políticos. O que importa de verdade, é transpor os muros erguidos para esconder os fatos, compreender a realidade a que estamos submetidos e repetir com Nietzsche a sua incontestável predição: “suspeito que a situação vai de mal a pior. A sociedade está decaindo para um propósito de pessoa mais cômoda, conformista, indiferente, ignorante, inerme, medrosa e medíocre. Esta é a maior das fatalidades”.
Eis aí a prova dos nove!



