O pé direito

Às

O pé direito

Já vivi o bastante com meus oitenta anos e não me lembro de ter visto a propaganda de uma mercadoria qualquer valer-se de um valor ideológico para divulgar as suas qualidades e benefícios. Também não identifiquei uma grande atriz, cujo último filme foi sério candidato ao Oscar do cinema, prestar-se a esse papel tão degradante.

Foi um acontecimento inaugural, ou melhor, surreal. Talvez, pela primeira vez, este fato inédito, ou na melhor das hipóteses raro, pisou o chão com sandálias nos pés.

Chama-me a atenção o propósito cruel de demolir uma crença popular, tão cara ao nosso povo, cuja expressão “pé direito” remete à altura de uma casa, onde moram ricos ou pobres. Equivale ao vão que vai do teto ao assoalho e que deriva, provavelmente, de “pied-droit”, na linguagem arquitetônica francesa.
Toda casa, lugar inviolável, seguro e protegido tem seu pé direito. Ele é parte do cotidiano do homem, um bem de todos e do futuro, seu lugar, fonte de sua confiança. 

O pé direito é uma tradição, um mito, um totem. 

Trazer esses valores culturais e permanentes do ser humano para o campo ideológico ou da luta política entre correntes, é vulgariza-los e submete-los ao conflito político, quando, na verdade, esses valores são, entre tantos outros, os que cimentam a unidade da nação, dissolvem o ódio entre os cidadãos.
Nada mais substancial e desejável é passar o Natal com o pé direito. O pé da sorte. Significa festejar esta magna data da nossa civilização cristã para renascer, reencarnar os valores humanos do cristianismo. Não importa as suas convicções políticas. 

Com ironia e escárnio a consagrada atriz faz um desmedido esforço para você crer que a sorte não depende de você, nem do pé com que você chega no Natal e no Ano Novo. Sorte é sorte para ela e parece que ela entende bem desse assunto! De quem depende a sorte, então?
Para o homem comum a sorte pode ser um evento do acaso. Outros, acreditam que a sorte provem da fé em Deus e de sua misericórdia. Até de bruxarias depende a sorte, muitos acreditam. A atriz famosa não acredita em nada disso! Para ele, sorte é sorte!

O homem, o homem verdadeiro, que vive entre nós, através de qualquer dos vieses citados, acredita na sorte. Ele teme pelo acaso, Deus é o autor dos milagres da sorte, outros se apegam em bruxarias e coisas do gênero. A atriz soberba, essa só acredita nos dois pés, principalmente o esquerdo, que abre caminhos e derruba portas a pontapés!

A famosa atriz se dirige certamente ao homem massa de que nos fala Ortega y Gasset. Aquele que não se valoriza, que não sabe dirigir sua própria existência e se deixa embalar pela propaganda falsa e mentirosa. Esse homem massa foi incitado a meter os pés pelas mãos. Exercer o papel do supremo alienado! Considerando os protestos que pululam na internet, tudo leva a crer que esse homem massa está mais escasso no nosso país. 

A sempre debochada atriz não mede as consequências de suas palavras, do mesmo modo que a comunidade de publicitários, até o momento, não se pronunciou sobre este ataque aos nossos costumes centenários. Eles não foram contestados, pelo menos em nome do respeito que devemos às crenças do nosso povo e os deveres dos profissionais da propaganda.

Não é difícil perceber que a principal personagem do filme Ainda Estou Aqui, Fernanda Torres, em verdade, não pretendeu fazer uma publicidade das sandálias havaianas. Seu foco, claro como a luz do dia, foi um comercial privado da ideologia de esquerda e sua superioridade em relação ao pensamento de direita. É mais que uma farsa. É um crime destinado a enganar, iludir e manipular.

Finalmente, o que esta nefasta propaganda quis ensovalhar? Aos costumes populares ou aos princípios que regem a propaganda e a publicidade?

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário