A Venezuela e logo ali

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A Venezuela e logo ali

Incidem em grave equívoco os que pensam, que a transformação das relações sociais de produção, é o primeiro sinal que a sociedade dá em direção a uma nova forma de  produção econômica. A revolução socialista, vis a vis as  condições históricas atuais do capitalismo, começa por  transformações do  sistema político.

O  gosto por  uma  economia  estatizada e o intervencionismo estatal nos  domínios  privados, não deixam de  ser uma  constante, em países como a Venezuela  e a Nicarágua, porém não  se  constituem na marca preponderante. Atingem certos setores por eles  considerados estratégicos – como a imprensa, as redes sociais, as  forças  armadas, o petróleo e a energia- sem, contudo passarem muito  disto.

Fundamental é a construção de um novo sistema político e  cultural.  Desde a ascensão ao poder venezuelano, o ditador Hugo Chaves tratou de desmontar os vestígios da democracia liberal e os substituiu até concluir com o regime de Nicolás Maduro, ampliando o poder judiciário e  dando-lhe o poder de fazer e interpretar as leis,  modelando uma  Constituição bolivariana, desmantelando o poder legislativo e  eliminando  seus poderes. A partir dessa estrutura legal, adaptou o ordenamento jurídico, em todos os seus aspectos, incluindo o partidário, o eleitoral, estruturando o Estado em um organismo policial e repressivo.

O nosso país vem, há mais de seis anos, reproduzindo o mesmo modelo, com pequenas variações, guardando, assim  as diferenças gritantes entre Brasil e  Venezuela. Atualmente, não passamos de uma republica subjugada pela  vontade indomável de  um tribunal superior, há muito a Constituição de  88 foi inteiramente desfigurada em  seus  fundamentos principais. Como disse José Saramago, com grande lucidez: “ o tempo das verdades plurais acabou. Vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira, todos os dias”.

A verdade, profligada por J.M. Coetzee, de que “o poder só respeita outro poder”, já não tem valor, nem vigência. Decisões, amparadas solidamente e sem possibilidade de “leitura criativa”, é cinicamente desrespeitada por cinco “juízes” da  suprema  corte, num contorcionismo semelhante a um soco no  estomago do povo!

O Poder composto pelo voto do povo, fonte de toda  soberania, não só porque cada deputado que o compõe representa todo o povo, aliás com  toda  clareza  em nossa própria Constituição e  com clareza iniludível no Art. 67 da  Constituição italiana: “Cada membro do Parlamento representa a Nação e exerce suas  funções sem vínculo de mandato”, como a sublinhar o caráter universal do princípio  constitucional.

Votado na Câmara dos Deputados, o projeto de Resolução obteve 315 votos, contra 143 e foi aprovado, com quórum superior ao necessário para aprovar emenda à Constituição, mandando o STF sustar imediatamente o processo criminal   naquela órgão, que incidia sobre um deputado no exercício pleno do mandato popular, cuja sustação atingia a  todos os  demais envolvidos na  ação referida, na medida que o feito era  coletivo.

Ao prosseguir com o processo criminal, ilegal sob qualquer viés que se o examine, o STF cometeu crime contra um Poder constituído pelo cidadão eleitor e cuja decisão estava sobejamente amparada no Art. 53 da Constituição brasileira, que estabelece a prévia licença da Câmara dos Deputados, a fim de ser julgado pela Justiça.

Nas Ditaduras apoiadas pelo Presidente do Brasil, os passos  dados para implantação do regime  totalitário são os mesmos que  temos visto  no  nosso país, ao lado de tantos outros que aluiu até  derreter nossa institucionalidade democrática. Até quando vamos tolerar que, sem o consentimento do nosso povo, o Brasil corrompa a sua tradição para se aliar a  ditadores e  terroristas.

Até quando seremos cúmplices da desordem reinante? Maquiavelli, desde o século XVI, nos chamou a atenção: “aquele que tolera a desordem para evitar a guerra, tem primeiro a desordem e depois a guerra”. A nossa escolha está tomada. A paz queremos com fervor”.

Comentários

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Lidia Santana
O roteiro da ditadura brasileira é exatamente o mesmo modelo da ditadura venezuelana. Quem diria que um país como o Brasil se sujeitaria a isso um dia!

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