José Medrado

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Damares Alves, ministra  da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos andou, certamente por repreensão do Presidente fora de foco com as suas considerações, digamos, incomuns acerca das políticas públicas a serem implantadas em sua pasta. Não fica dúvida alguma que a sua formação evangélica tem orientado, mentorado as suas manifestações, em fragoroso, entendo assim, equívoco, em se tratando não apenas da laicidade do País, mas, e também, a diversidade educacional, de entendimento do povo brasileiro em todas as suas nuances e cantos do Brasil.

A mais nova da pastora-ministra foi uma nota técnica soltada pelo seu ministério, com objetivo de orientar, conduzir uma campanha de prevenção da gravidez na adolescência, que o governo vai lançar. Na nota se vê a informação de que o início precoce da vida sexual leva a “comportamentos antissociais ou delinquentes e afastamento dos pais, escola e fé”, como consequências do sexo precoce, gerando, assim, a orientação da abstinência sexual entre os mais jovens. Afirma, ainda, que ela se baseia em estudos que chegaram a esta conclusão, e não porque, questiona, sendo religiosa tinha que omitir o resultado? Absolutamente, senhora ministra, como também confio nos resultados desses estudos, ainda que não apresentados. Todavia, entendo, que o processo não deve passar por orientação, pregação de abstinência, porque gerará até galhofa por parte da garotada. É preciso que a política seja de educação, evidenciando consequências principalmente psicossociais, e mesmo fisiológicas,  na precocidade de uma sexualidade ativa. 

É preciso, por outro lado, que se entenda que  o período da adolescência se apresenta ao jovem como de grande tumulto emocional, pois é a transição da infância para a idade adulta, onde a maturidade e efervescência de seus hormônios leva a descoberta da sexualidade. O jovem passa por processos de transformações biopsicossociais, por volta dos doze anos de idade até os dezoito. O seu copo começa a se modificar, seus instintos sexuais afloram, acontece a percepção da outra pessoa como objeto de prazer, de desejo, e ao lado disto tudo vem a necessidade de se autoafirma. A esse jovem vai se falar em abstinência sexual? Chega a ser hilário.

Há inclusive estudos, estes sim, de que estas questões da sexualidade do adolescente pode ser usada por eles como objeto de enfretamento com o posicionamento dos pais, razão pela qual a ação deve ser de prevenção e orientação para os pais, na tentativa de melhor nortear os seus filhos, sempre, no entanto, com base na educação, pois toda inconsequente restrição tende a gerar compulsão.


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