José Medrado

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"Agora vão ter que me engolir”, esta expressão que corriqueiramente tem sido usada, é de autoria do técnico Zagallo, logo após a conquista da Copa América de 1997, quando a seleção brasileira venceu a anfitriã Bolívia pelo placar de 3 a 1. Foi um desabafo por toda pressão que vinha sofrendo da imprensa e um recado a quem dizia para colocar o técnico Luxemburgo no lugar dele. Remeto-me a essa passagem porque aprecio o avanço da sociedade e suas conquistas de cidadania e respeito ao ser humano, mas que muitos ainda só o fazem por conta da pressão desta mesma sociedade, não por compreensão do avanço das pessoas e dos seus direitos, mas porque precisam engolir os avanços. Recordo-me aqui do caso de  Laci Marinho de Araújo, ex-sargento  que foi preso em 2008 pelo Exército ao revelar que vivia um relacionamento homossexual com seu colega, o também ex-sargento Fernando Figueiredo. Eles levarão o caso de homofobia e perseguição ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois se sentiram perseguidos em sua orientação sexual, coincidentemente após denunciarem suspeitas de desvio de verbas envolvendo oficiais graduados do Exército, o que fez o casal entrar em conflito com a corporação.

É evidenciada a importância de abrir a nossa mente e entendermos que as mudanças são necessárias, como forma de adequar as novas gerações às suas demandas. A sociedade, em seu geral, entendo, busca a equanimidade de tratamento, nas possibilidades, inclusive, das desigualdades. Há diversas maneiras, hoje, de ser e ver o mundo, que precisam ser aceitas, inclusive os que estamos e queremos preservar os regimes democráticos. O que ocorre é que infelizmente muitos estão estagnados, parados e o pior: querem voltar no tempo. “O hoje precisa ser construído com decisões que farão o futuro melhor com as experiências e raízes do que foi vivido, mas passou”, afirma o psicanalista Wallison Chistian.

Precisamos ficar atentos para não fazermos da lembrada canção de Belchior, da minha geração, “Como os nossos pais”, um hino de justificativas e repetirmos o que já passou em preconceitos, discriminações...Não há qualquer possibilidade de retorno a fatos, comportamentos do passado, mas no presente é que teremos condições de melhorar a sociedade e fazê-la mais amorável as nossas gerações descendentes, como contributo ao desafio de um mundo melhor, mesmo diante do que aparentemente está um caos. 


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