Como reduzir custos com a parceria dos fornecedores

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Como reduzir custos com a parceria dos fornecedores

Sistemicamente falando, os custos são trazidos de fora para dentro. Portanto, seria natural que, principalmente a área de compras, mas também todos os contratadores de recursos tivessem alguns conhecimentos que julgo serem fundamentais para a melhoria do desempenho da empresa. Vamos listar alguns deles: 

  1. Dominar os conceitos de valor presente, tratamento de impostos e outros custos associados são condições básicas para poder comparar a oferta dos fornecedores. 

  1. Entender e mensurar como a diferença de qualidade e o nível de serviço dos diferentes fornecedores impactam no custo total da empresa, e incluir esses valores na determinação do custo total de cada uma das opções. 

  1. Entender como a empresa causa custos aos fornecedores. Veja esses dois casos reais. 

Caso 1: Uma grande empresa contrata várias construtoras para que cada uma delas faça uma parte do projeto de uma nova fábrica, com a ideia de reduzir o risco de dependência de um ou poucos fornecedores. Há também o argumento de preservação do sigilo industrial, mas o ponto é que, com a presença de várias construtoras em um mesmo canteiro de obra, uma acaba atrapalhando a produtividade da outra. Dessa forma, esses custos são repassados pela  construtora para o contratante, e muitas vezes até com uma margem, o chamado BDI (Benefícios e Despesas Indiretas), encarecendo o capex.  

Caso 2: Uma grande empresa do setor elétrico não atualizava as especificações técnicas dos seus insumos e era praticamente a única do setor a exigir algumas especificações, o que levava os potenciais fornecedores a incorrerem em custos somente para atender à empresa. 

Esses dois casos mostram simbolicamente que o contratante está sofrendo do que eu chamo de custos bumerangue, ele causa custos aos fornecedores e depois tem que pagar de volta. 

  1. Entender a situação financeira do fornecedor, pois em alguns casos, a depender do custo de capital da sua empresa, vale a pena pagar o fornecedor de forma antecipada ou com menor prazo, obtendo uma redução no custo muito maior do que estaria ganhando no mercado financeiro, ou pagando como custo de capital. Há que se avaliar até a prática do chamado risco sacado para alguns fornecedores, principalmente os pequenos.  

  1. Também entender a importância da sua empresa, enquanto cliente, para o seu fornecedor, em termos de resultados e geração de caixa. Para isso, trabalhar com planilhas de custos abertas pode fazer a diferença, principalmente se for utilizada para melhoria e redução dos custos entre as partes. 

  1. Por fim, entender o Total Cost of Ownership, ou custo total de propriedade, identificando e mensurando os custos ao longo do ciclo de vida, os quais incluem os valores pagos aos fornecedores, transportadoras e seguradoras, além do custo de implantação, assistência técnica, manutenção, utilização, dentre outros, e por fim o descarte. Aqui, há que se considerar também a questão dos impactos da metas de redução de carbono e outros custos ambientais. 

Espero que essas reflexões possam ser úteis para profissionais de finanças e de compras. É preciso sempre trabalhar com a ideia que fornecedor bom é aquele que também tem rentabilidade no relacionamento comercial.  

José Carlos Oyadomari (PhD.) Professor do Insper e Professor Pesquisador do Mackenzie. Sócio da True Port Advisors (M&A). Conselheiro Consultivo da HVAR Consulting e Traad Wealth Management, Co-autor do livro Contabilidade Gerencial (Gen Atlas). Desenvolve projetos de consultoria e treinamento customizados  sobre Controladoria e Finanças, além de mentoria para executivos. Instagram: @prof.oyadomari   https://www.linkedin.com/in/jcoyadomari/ 

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