Faça a reestruturação operacional da sua empresa antes dos impactos da Reforma Tributária

Esse artigo é destinado aos gestores de empresas que, por alguma razão, não têm eficiência e rentabilidade operacionais e que, para sobreviver, recorrem constantemente ao mecanismo de parcelamento ou postergação de impostos.

Os livros de finanças em geral não mencionam, mas no Brasil sempre existiu uma terceira fonte de capital. Além da dívida bancária e dos recursos dos acionistas, boa parte das empresas usa os impostos federais, estaduais e/ou municipais como fonte de financiamento. Durante muito tempo, várias sobreviveram graças aos mecanismos de postergação ou parcelamento de impostos. Grande parte, quando tinha uma crise financeira, recorria ao financiamento via tributos para continuar operando e, então, ficava esperando um REFIS ou uma oportunidade de parcelamento com ou sem redução de multas e juros. 

Em um artigo anterior, defendi que as empresas deveriam ter covenants com endividamento tributário. Ou seja, passado um certo limite ou tempo de impostos atrasados, os negócios deveriam ser impedidos de operar, e os sócios teriam que se reinventar para sobreviver e pagar as dívidas geradas. Isso seria saudável para toda a sociedade, inclusive para os devedores, que estancariam o crescimento das dívidas.

A mudança é que, agora, com a implantação da Reforma Tributária, mesmo que ainda paulatinamente,  nos casos previstos em legislação, o cliente não vai poder tomar o crédito do imposto de forma presumida. Isto é, no pressuposto que o fornecedor tenha recolhido o imposto. Agora, para tomar o crédito, ele terá que aguardar a comprovação do pagamento pelo fornecedor ou, de forma alternativa, pagar o fornecedor líquido do imposto creditado, como se fosse o mecanismo de imposto retido na fonte pagadora. Muito provavelmente, as grandes empresas farão isso: a retenção na fonte. O autor recomenda que a legislação tributária e os especialistas sejam consultados nesse quesito. 

Esse movimento certamente vai sufocar os fornecedores que não geram fluxo de caixa para isso, mas principalmente não geram lucro para bancar esse valor retido. Nesse caso, irá faltar esse valor no caixa. Portanto, se esse é o caso da sua empresa, a hora é agora. Há que se iniciar uma reestruturação, principalmente a operacional, porque é ela que vai dar as bases que sustentarão a sua empresa no curto e médio prazos. Somente fazer a reestruturação financeira para equacionar as dívidas, vender ativos ociosos ou injetar capital na empresa, não será suficiente para adquirir a tão necessária sustentabilidade financeira.

Aos empresários e executivos de empresas que recorrem a esse mecanismo de parcelamento e postergação de impostos, é mais que premente a necessidade de fazer os devidos ajustes operacionais para buscar uma rota de lucratividade e rentabilidade, sob pena de comprometer a continuidade das operações em um futuro breve. O ponto de partida é conhecer a situação atual e, para isso, fazer um bom diagnóstico econômico-financeiro para analisar as oportunidades de melhoria da lucratividade e rentabilidade é a recomendação óbvia. Óbvia, mas que precisa ser iniciada. Nesse artigo eu escrevo como fazer isso. 

No cenário das grandes empresas, clientes dos pequenos fornecedores, muitas já começaram a alertar os  fornecedores de pequeno porte que esse mecanismo de retenção de impostos entrará em operação, para que estes sejam sensibilizados para essa demanda premente de melhorar a lucratividade e a rentabilidade. Veja meu artigo anterior. 

Para as associações empresariais, além da divulgação dos efeitos da Reforma Tributária, recomendo organizar e líder projetos para melhoria da eficiência e rentabilidade dos seus associados.

José Carlos Oyadomari (PhD.) Professor do Insper e Professor Pesquisador do Mackenzie. Sócio da True Port Advisors (M&A). Conselheiro Consultivo da HVAR Consulting, Consulcamp eTraad Wealth Management, Co-autor do livro Contabilidade Gerencial (Gen Atlas). Desenvolve projetos de consultoria e treinamentos customizados sobre Controladoria e Finanças. Instagram: @prof.oyadomari   https://www.linkedin.com/in/jcoyadomari/