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O Candomblé e seus ciclos: parte 2 – o meio

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O Candomblé e seus ciclos: parte 2 – o meio

O Candomblé e seus ciclos: parte 2 – o meio

Em continuidade ao início de tudo, durante a nossa estada dentro do Terreiro, passamos por inúmeros processos ritualísticos. Do simples ato de lavar as contas (guias), até a iniciação, quando nos tornamos omorixá (filho de Santo). A conexão com os quatro pilares que fundamentam o Candomblé é de suma importância. O dogma, ponto primordial; princípio indiscutível de doutrinas da religião e do Terreiro, que muitas vezes em alguns casos têm-se estatutos e cartilhas definindo suas regras e condutas, onde em unanimidade a palavra de ordem é o respeito a tudo e a todos. Seguido à tradição, que se dá pela prática repetitiva dos ritos que foram deixados pelos nossos mais velhos; o rito propriamente dito se entrelaça a prática da tradição, e a hierarquia, que se apresenta como um “organograma”, onde no topo se localiza a Mãe ou Pai de Santo, distribuídos pelos mais diversos cargos e postos, estando abaixo de todos o/a Abian. Onde através dos desígnios dos Orixás, a Mãe/Pai de Santo orienta os omorixá, que com fé e energia depositada nos atos, a magia do Candomblé acontece. Além disso, a Educação é fundamental. Nos Terreiros chamamos de “Educação de Axé”, onde esta prática social também nos ajuda na evolução e alcance dos nossos propósitos com êxito.

Esses inúmeros processos ritualísticos fazem parte da nossa trajetória de vida neste plano terreno. Sem generalizar, infelizmente temos o péssimo habito de só rezarmos quando estamos necessitados, e isso vale para as mais diversas religiões. No entanto, os Terreiros de Candomblé têm um calendário litúrgico anual, onde constantemente estamos “aos pés dos Orixás” – lese Orisa. Essa constância se dar em todo primeiro dia do mês relativo ao dia de cada Orixá, para limpeza da casa e das suas indumentárias (esse calendário varia de casa pra casa). Temos os dias de limpeza do corpo; dia do bori; dia das festas dos Orixás; iniciações etc... E ainda assim, quando este calendário se finda os trabalhos permanecem, pois existem os adeptos que ainda não se tornaram Abian, e procuram os Terreiros como consulentes.

Durante este “meio”, que é o exercício de lhe dar com as adversidades da vida, a fé é nutrida a partir de todo um processo. Digo isso, porque no meio desta escrita, estava a me questionar sobre algumas coisas da vida. Cobrando respostas do cosmo, pois não é possível que a minha dedicação, sobretudo minha fé nos Orixás, não seja suficiente para alcançar os meus objetivos. E no meio de tantas perguntas, uma das respostas chegou sem eu menos esperar. Daí, lembrei-me das religiões neo-pentecostais onde existe o testemunho, que com fervor os fiéis relatam a graça alcançada. E por que também não dar o meu testemunho aqui? Então, quebrarei o protocolo, não obstante, permanecerei com o tema.  

Como a trajetória de quem está no Candomblé é bastante ampla, passaria uma eternidade falando sobre este ciclo. Contudo, conseguir expressar em poucas linhas um pouco dessa trajetória, que varia de pessoa pra pessoa. Mas como nada é coincidência, os meus questionamentos internos também fazem parte desta trajetória de quem vive o Candomblé. Quando sem menos esperar, recebo uma visita que aguardo há meses, e que sinceramente já não tinha mais esperanças em recebê-la. Esse questionamento em particular eu fiz ao acordar, onde aos pés de Exu, indaguei tal demanda. Fiz minhas atividades de quando levanto da cama, me alimentei e vim pra frente do computador escrever este artigo, quando nos primeiros parágrafos a pessoa grita meu nome na porta. E quando reconheci a voz, exaltei Exu. Laroyê! Pois mesmo que ainda não tenha resolvido efetivamente minha demanda, Exu respondeu dizendo: EU ESTOU AQUI!

Lembram do artigo, Ser de Candomblé: um exercício de fé em busca da evolução humana e paz de espírito, onde digo: “Sempre queremos encontrar respostas pra tudo, e no Candomblé quando não encontramos as respostas, com certeza encontraremos caminhos para melhoria, e as respostas serão uma consequência. Mas muitas vezes a falta de percepção em entender a implicitude dos Orixás, e, a falta de paciência querendo que tudo aconteça com rapidez, faz com que, o que estava dando certo mesmo que em passos lentos, comece a dar errado, e daí, à fé é abalada”. Dito isto, minha Fé permanece estável.

Paciência é uma virtude, e ter fé uma dádiva. Isso é o “meio” de quem vive para o Candomblé, portanto sigo na fé!

Ps. A minha demanda ao qual me refiro neste artigo, segue em tramitação no tempo do cosmo. E com fé em Exu dará tudo certo.

Já deu!
 

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