Marcelo Cordeiro

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Lula não conta com maioria de votos na Câmara dos Deputados. Tem só 136, com os quais pode contar em 513   parlamentares que compõem a representação popular. A julgar pelos últimos escrutínios realizados, a saída para esta difícil situação poderia ser operar com uma maioria móvel, própria das Democracias modernas, onde não impera uma vontade autocrática, como no nosso combalido sistema político.

Uma Democracia de maioria móvel ocorre quando as votações nela proposta derivam da natureza das matérias a ela submetidas, conforme as diferentes correntes que se antepõem no plenário. Desse modo, não é a vontade plenipotenciária do Rei que prevalece, substituída pelos diferentes entendimentos existentes no interior dos partidos políticos.

Contudo, o nosso “Congresso é conservador e não é obrigado a votar com o Governo”, segundo as palavras do Presidente da Câmara Artur Lira, restando a Lula tecer, a cada nova jornada decisória, uma nova maioria e conformar-se com a ideia de que nem sempre seus pontos de vista e suas transloucadas propostas encontrarão respaldo no contencioso parlamentar.
A julgar, porém, pelos últimos acontecimentos, conviver com estas circunstâncias -inegavelmente conflitante com o estilo lulopetista de governar- não é o caminho a ser seguido, sobretudo quando o Chefe do Executivo resolve pulverizar o marco do saneamento, tecer loas ao Ditador da Venezuela ou sair pelo mundo no papel de arauto da paz.

O Presidente da Câmara dos Deputados não parece, também, adepto das maiorias móveis, ao reconhecer que o Presidente da República pretende dialogar com as diferentes forças políticas a fim de “cristalizar” a sua base de apoio permanente, ouvir as demandas dos congressistas e com eles negociar. O que se pode esperar desses sábios conselhos de um dos arquiduques das Alagoas, senão converter esse diálogo numa imensa mesa de negócios, enquanto “dormia/ a nossa pátria mãe tão distraída/ sem perceber que era subtraída/ em tenebrosas transações”.
Reina no Congresso uma insatisfação generalizada com o Governo. Tal insatisfação deriva da alegada falta de articulação do Executivo com os deputados e senadores.  Elas não provem dos rumos administrativos, políticos e ideológicos palmilhados pelo Executivo, mas   a insatisfação emana das demandas por cargos públicos, verbas orçamentárias e outros muiunas mais. 
Consertar os rumos eleitorais conferidos pelos eleitores de novembro do ano passado, passa a ser a tarefa mais urgente e imprescindível dos mandatários de plantão. Artur Lira e Lula estão de mãos dadas no árduo trabalho de alterar a vontade do corpo eleitoral, de modo que o voto dado ao presidente da República, o mesmo   dado ao deputado e ao senador, possa sofrer o desmanche tão ao gosto da autocracia brasileira. 

O voto conservador e reformista que elegeu o Congresso será submetido à uma operação plástica que o converterá em voto submisso ao Governo, ainda que para isso todos os meios não republicanos sejam adotados e assim a República continue tão republicana como nasceu. Ao cabo desse espetáculo, em apenas cinco meses de Governo, o Rei despido de todas as mirabolantes promessas, estará nu.

"O mesmo voto que foi dado ao presidente da República foi dado ao deputado e ao senador de forma republicana. Ninguém precisa votar com o governo sem ser base do governo. O presidente [Lula] está se movimentando e é importante que ele se movimente, principalmente por conta das dificuldades. Agora o governo tem uma noção exata dessas dificuldades. ", completo Lira.

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"O governo tem vitórias em pautas que nós nos comprometemos. O Congresso que foi eleito não é progressista de esquerda. O Congresso eleito é conservador e reformista. O governo precisa se mobilizar e a articulação precisa estar mais atenta", disse Lira em entrevista à CNN Brasil.

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