Era de se esperar que tratasse hoje das magníficas manifestações, por todo o Brasil, nas quais o povo, na autonomia das ruas, clamava por anistia e Democracia. Mas, as autoridades constituídas e as instituições políticas fizeram ouvidos de mercador. A dimensão das assembleias populares foi tão avassaladora, que aos donos do poder, como acontece nas Democracias, cabia acatar a vontade do povo e inaugurar uma nova república. Não o fizeram e tão pouco farão!
As vozes ecoaram, contudo, pelo mundo afora, pincipalmente nos Estados Unidos da América.
Desde março desse ano, em discurso proferido no Jardim das Rosas, o Presidente americano, Donald Trump, prenunciava que o seu governo pretendia dar uma guinada significativa na política externa, abandonando uma tradição que já apresentava sinais de decadência, e dando ênfase e prioridade nas relações políticas, sociais e econômicas com a América Latina e o Caribe.
Este novo desenho geopolítico fez com que a maior potência democrática e bélica do mundo, desse início a mudanças estratégicas que já se faz sentir. Entre elas, a redução de seus recursos na segurança europeia, a qual desde o fim da Segunda Guerra Mundial, estava a cargo dos EUA, sobretudo depois da derrocada da URSS e a sustentação militar da OTAN.
O governo dos EUA vem dando sucessivas demonstrações de que pretende afastar-se dos encargos em matéria geopolítica, que vem assumindo após a Guerra da Coreia e a instabilidade de países como o Irã, o Afeganistão, a Síria, o Iraque, Líbia e muitos outros. No Oriente Médio, por razões históricas bem definidas e em razão de ser a única democracia da região, os EUA mantém intactos seus compromissos com a defesa de Israel.
Com a China e a Rússia o governo Trump tem desenvolvido esforços para cingir suas contingências à área econômica, sem se envolver, a não ser como mediador da paz, nos assuntos militares que envolvem aqueles países, não só em razão dos altos custos, mas também das distâncias geográficas.
É do conhecimento público o documento elaborado pelo Pentágono e chancelado pelo Ministro da Defesa, Pete Hegseth, no qual coloca uma clara diretriz. Acima das diferenças com a China e a Rússia, o governo americano deve priorizar as questões internas e regionais, criando parcerias com os países latino americanos, concebidas a partir das inovações propiciadas pelo novo mundo globalizado e fundado na revolução comunicacional e na inteligência artificial.
É notório que tal guinada, implica numa profunda recuperação dos laços ocidentais, que ao longo do tempo aproximaram a potência do norte com os integrantes das outras Américas, sem contudo propiciar uma integração mais efetiva, capaz de transferir para os países empobrecidos da América do Sul e do Caribe os recursos tecnológicos que, nem a China, muito menos a Rússia, serão capazes de oferecer.
Para compartilhar com os países latino americanos e caribenhos os valores democráticos do Ocidente, tão caros à sociedade norte-americana, os Estados Unidos tem em mira enfrentar e eliminar os fatores ideológicos e sanitários, tão presentes em países como Venezuela, Nicarágua e Cuba, incluindo o governo de Lula da Silva, cada vez mais atraído pelas promessas do socialismo e do rompimento com a democracia representativa.
Esse esboço preliminar coloca o nosso país em uma encruzilhada, em relação a qual terá que decidir com firmeza e com um projeto de futuro. Esta decisão exigirá, em futuro próximo, romper os laços diplomáticos e seu projeto de nação vinculado aos valores ocidentais ou contrariamente celebrar com os Estados Unidos da América uma tratativa abrangente e inclusiva, a fim de assegurar uma estratégia viável e moderna de desenvolvimento sustentado, integrado com um sistema em pleno processo de inovação e transformação geopolítica.
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