PENSAR O FUTURO (II)

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PENSAR O FUTURO (II)

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O quadro político brasileiro deve se alterar profundamente com as repercussões que terão, aqui e no mundo, o voto proferido pelo Ministro Fux. Quem viver, verá. Na pior das hipóteses, dará sustentação moral e legal, mercê de sua clareza e profundidade, às transformações de que o Brasil tanto carece.

É cedo, porém, para interpretar a evolução desse panorama político, antes que ele produza os ingredientes finais, que porão por terra a “ditadura da toga” em seus dias crepusculares.

Convém insistir no futuro, já que seria perdulário e inoportuno, não considerar o enredo político que se descortina a partir desta nova configuração geopolítica presente no mundo atual. Para nós, a substância mais significativa, é o abandono pelos Estados Unidos da América de políticas que considerava o restante das Américas subalternas e sem importância estratégica.

Para alcançar seus objetivos declarados em relação às Américas, o governo de Donald Trump, deixou claro que é indispensável remover os obstáculos que se interpõem entre os Estados Unidos e as ditaduras aliadas aos inimigos do Ocidente democrático, entre eles a Venezuela, a Nicarágua, Cuba e o próprio Brasil, onde viceja um antiamericanismo visceral e incontido.

Não é por outra razão que os americanos tem aplicado tarifas alfandegárias exorbitantes e punido autoridades públicas com suas leis transnacionais, aos funcionários transgressores dos direitos humanos, direitos consagrados, em 1992, no Pacto de San José da Costa Rica, de que o Brasil é signatário.

O atual cerco marítimo, realizado com uma força naval de alta capacidade bélica, contra a Venezuela, revela claramente que os EUA pretendem não só eliminar o tráfego de drogas destrutiva do povo americano, mas varrer a ditadura que oprime aquele país e, para este desiderato, não poupa e nem poupará esforços militares.

A nova estratégia norte-americana para o Caribe e América do Sul está lastreada num projeto de futuro, sob o império das novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial, cuja supremacia a grande potência americana busca conquistar.

A China, a competidora mais notável dos EUA, controla o principal insumo da inteligência artificial, através de sua expansão econômica no Oriente: a energia. Essa  circunstância, abre uma janela de oportunidades para os países na América Latina e Caribe, uma vez  que eles se tornem Democracias sólidas e economias em processo de expansão e desenvolvimento. 

Contrariamente ao que planeja o governo Lula da Silva, o Brasil não encontrará na China um parceiro ideal, mas uma potência à moda antiga, interessada em extorquir os recursos energéticos e minerais disponíveis no Brasil e se beneficiar da fartura dos nossos excedentes alimentares. Neste caso, voltaremos a ser uma nação sob o domínio imperialista típico!

A integração com a economia norte-americana, manejada com sabedoria estratégica, ensejaria um aproveitamento de nossas vantagens comparativas, não apenas por motivos geográficos, mas também pela incorporação à nossa experiência em matéria econômica.

É possível depreender à primeira vista, que a relação dos Estados Unidos com o Brasil é política, antes de tudo. Um arranjo favorável a ambos, antes que se deteriorem ainda mais as relações diplomáticas, implica na recuperação das liberdades democráticas em sua plenitude, fato que só será possível com a vigência da Constituição de 88, a recuperação do estado de direito e a reforma política em larga escala. 

Uma questão, todavia, permanece obscura. Ela se revela numa só pergunta: as elites brasileiras, proprietárias das forças produtivas e as camadas sociais, representativas da força de trabalho, querem a recomposição, em novos termos, com os Estados Unidos ou caminharão em busca da integração com potências ricas e emergentes, representativas das ditaduras orientais?

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