Ser ou não ser

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Ser ou não ser

Que estamos imersos em uma ditadura é uma amarga realidade, comprovada pelos fatos. E eles são os mais cruéis, não só porque deles não temos alternativas, como denunciou o sábio jurisconsulto, Rui Barbosa, mas porque se trata de uma “soberanocracia”, revestida de uma espúria  legitimidade.

Tão grave quanto esta forma insidiosa de poder é a atmosfera política e a linguagem por ela utilizada. O ecossistema político brasileiro compreende uma torre de babel, onde os conceitos e paradigmas são construídos por estórias boçais e insustentáveis, destituídas de lógica e institucionalidades defensáveis.

Um mundo de estruturas forjadas dá sustentação a um sistema político fora da lei e dos princípios constitucionais. São arranjos nascidos de mentes iluminadas que, não só fazem vistas grossas ao império da lei, como substitui os poderes legítimos do estado de direito para impor ao país a sua vontade e arbítrio. 

A aliança estabelecida entre o Poder Executivo e o Supremo Tribunal Federal usurpou a seu bel prazer as prerrogativas do Poder Judiciário, convertendo-o, a despeito da  existência de uma oposição inconformada, em duas Casas inteiramente deformadas e sujeitas às práticas de estúpida acomodação, a ponto de tudo  aceitar em quaisquer dos direitos que lhe são pertinentes.

O mais chocante, todavia, é o processo contínuo de manipulação da opinião pública e da opinião publicada por uma imprensa movida a somas astronômicas, distribuídas pelo Governo petista. Neste terreno é de doer a alma de  qualquer vivente minimamente esclarecido.

Quem não sabe que o lulopetismo conduz a nação brasileira a uma conversão de nossa economia e da sociedade a uma forma socialista, se não semelhante à venezuelana no plano econômico, certamente o é no sistema político totalitário, levando-se em conta que o nosso progresso econômico é muitas vezes superior ao país chavista. Aqui cai como uma luva a famosa referência de Friedrich Hayek: “a liberdade não se perde de uma vez, mas em fatias, como se corta um salame”.

Ainda há pouco, petistas, imprensa e até os supremos juízes festejaram num ensurdecedor coro de vozes, como ovelhas em direção ao curral, o súbito encantamento pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. De ofensas absurdas e acusações descabidas, passaram entoar cânticos de louvor, como se o líder republicano exprimisse as mais virtuosa das virtudes.

Era uma pantomina destinada a pregar uma peça na  solicitude e ingenuidade dos brasileiros. Era mais uma embromação de Lula da Silva e uma forma de aquietar a classe dominante brasileira, que afinal pagará os vultosos prejuízos com que o governo lulista os premiará.

Essa mentira deslavada, propositalmente urdida por Lula e seus corifeus, logo se desfez no ar, quando o Secretário de  Estado norte americano, Marco Rubio, informou para o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, com quanto paus se faz uma  canoa, reproduzindo simplesmente a carta que Donald Trump havia enviado em julho deste ano ao grosseiro presidente brasileiro. 

“Que época terrível é esta, onde idiotas dirigem cegos”? Indaga Shakespeare, configurando a nossa trágica realidade, na qual a cegueira é de tal ordem que –reproduzindo mais uma vez o genial poeta inglês – “o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.

A podridão impregnou o ar. O diálogo político sucumbiu à mentira, tudo é falsificado, em nada se pode confiar. Há algo de podre que condena o país a não ser, a ser, de fato, um mar de lama, onde tudo é só aparências, nada mais.

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