É fato: O ataque à autonomia brasileira é real — e vem de fora e de dentro. Mas ainda resistimos. Em um claro e sonoro baianês, poderíamos dizer: foi muita ousadia do gringo querer mandar em nossa terra. Sabemos bem, pelas nossas vivências diárias, que até falamos mal de parentes próximos — mas não aceitamos que venham de fora apontar o dedo. A reação será dura. Assim aconteceu diante das investidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O povo brasileiro, mesmo dividido e ferido por dentro, reagiu, e se firmou com altivez frente ao império do Norte.
Nesse cenário, a existência de uma sociedade civil forte e resiliente tem sido essencial para barrar esse projeto autoritário que, pasmem, contou com o apoio de gente da própria terra brasilis. É difícil, e ainda está sendo, firmarmo-nos em nossas próprias pernas, sobretudo depois de anos de ataques às instituições, ao conhecimento, à verdade. Mas graças à força da sociedade, não fomos tragados por completo. Ainda há democracia, apesar das rachaduras. Vemos tentativas contínuas de se impor um modelo de Estado autoritário, de inspiração estrangeira, disfarçado de moralismo ou de fé nacionalista. É um projeto claro, articulado, que opera por dentro e por fora do país. A estratégia é criar o caos, descredibilizar instituições, fomentar a ignorância e, por fim, consolidar o domínio de forças que não têm compromisso algum com o Brasil — apenas com seus próprios interesses.
O que está em jogo é muito mais do que grupos, torcidas organizadas, trata-se da soberania nacional. Grupos econômicos e ideológicos internacionais preferem um Brasil frágil, manipulável, que obedeça sem questionar. Esses setores enxergam a democracia não como valor, mas como obstáculo.
Estamos em uma travessia: de um lado, o apego ao velho projeto de submissão colonial; do outro, uma sociedade que, entre tropeços e resistências, ainda se levanta e diz: “Não. Nosso destino é nosso.” Sabotar a soberania de um povo é tentar calar sua voz. Mas a nossa — ainda que rouca de tanto gritar por justiça e dignidade — permanece viva. Soberania não se terceiriza, não se entrega e não se compra. Soberania se constrói, se afirma e se defende, todos os dias. Inacreditável, no meu sentir, é que milhares, quiçá milhões concordam com esses ataques, dão “olas” ao presidente norte-americano, sem o menor compromisso com as consequências que poderão sentir na própria pele. Absurdo!