Luís Salém

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Quem me lê, aqui no Farol da Bahia, aos domingos, sabe que tenho um “cãopanheiro”, meu garboso vira-lata chamado Zé. Esse cachorro entrou na minha vida quando eu vivia num simpático sala 2/4 de fundos na Rua das Palmeiras Imperiais, a suntuosa Paissandu, no Rio de Janeiro. Perto de casa havia um botequim, tipicamente carioca, frequentado por moradores das redondezas. Sempre que ia lá, encontrava Nêga, uma cadela muito amável que acompanhava seu dono biriteiro. Eu cumprimentava o cidadão, fazia um chamego na cachorra e seguia meu rumo.

Certo dia chegando ao boteco me deparei com diferente cena, lá estavam além do bom e velho pinguço, sua fiel companheira e amarrados por um barbante, presos ao pé da mesa, 8 cãezinhos, recém paridos pela Nêga.  O bebum xingava a progenitora cadela e ameaçava afogar seus rebentos, o miserável estava de fato disposto a cometer tal genocídio.                                                          Comovido, atentei a pequena matilha e um dos filhotinhos me encarou, pedindo um help. Meu coração disparou e eu não pensei duas vezes, abracei o bichinho e seguimos juntos para casa.  No caminho conversei com o ainda sem nome cão, expliquei que morava sozinho e o pessoal do prédio não era muito tolerante com choros e latidos estridentes, que eu tinha medo que ao ser tão precocemente tirado do convívio materno, estranhasse o habitat e abrisse o berreiro. Entramos no apê e o serelepe filhote fez o reconhecimento da área e com uma bela mijada demarcou o território. Naquela noite, dormiu comigo na cama, de manhã fomos ao veterinário e devidamente examinado e vacinado retornamos ao lar, doce lar!  Eu e ele, agora batizado Zé.

Estamos juntos desde então. No mês do São João mudamos de casa, estamos bem mais perto do Porto da Barra, primeiro lugar que Zé conheceu ao chegar em Salvador.

Nossa vinda pra cá foi bem conturbada. Depois de uma noite de despedida dos amigos cariocas, virado e meio bêbado, peguei o vira-lata e fomos para o aeroporto, a veterinária prescreveu um remedinho para Zé ficar mais calmo durante a viagem, feita no bagageiro do avião. Dentro de uma jaula, para nosso desespero. Pois bem, agoniado com a situação, emocionado com a partida e ainda chapado do bota-fora, vacilei e dei 20 gotas ao invés de 10 do tal medicamento para o cão. Chorei todo o voo, acreditando ter matado meu pet, que desembarcou totalmente grogue, roto e vomitado. Antes de seguirmos pra casa demos um mergulho no Porto, para curar a ressaca e receber as bênçãos de Todos os Santos, afinal era dia primeiro de novembro, Zé e eu emergimos do mar refeitos, renovados e reencarnados em novos baianos!

Desconheço o dia de seu nascimento, mas sei que é de maio, portanto taurino, em 2020 ele completa 5 anos de vida e nós, dois de parceria. Segundo a teoria da idade canina, se humano fosse teria atualmente 28 anos, um jovem rapaz, mas discordo desta contagem, Zé tem 4 anos mesmo, é uma criança levada da breca! Verdade que hoje está mais comportado, pelo menos não devora pés de cadeira e sandálias havaianas, as preferidas, mas continua um azougue, hiperativo total!

Tenho certeza que naquele dia no boteco carioca foi sua escolha seguir comigo, não tenho dúvidas de que são os cães que nos elegem e se tornam nossos donos e não o contrário, como pensamos. Dizem que são os melhores amigos do homem e que com o passar do tempo, ficam parecidos com seus cuidadores. É assim que me vejo e não como proprietário ou senhor, Zé é meu broder e nos parecermos, só me deixa vaidoso, por que ele é lindo, andou tal qual eu meio fora de forma, gordinho, mas vem se recuperando e está a cada dia que passa mais “gatinho”!        Ô eu abusando da recém adquirida modéstia baiana, Ó Pai Ó!

Nunca confiei em quem não gostasse de cachorro e abomino os que maltratam animais, sei de cor o telefone do disque denúncia em Salvador, passo aqui para geral compartilhar: 3235 0000, no interior é 181.

Eu, Zé e a bicharada agradecemos a preferência, atenção e carinho, desejamos uma boa semana a todos!

Homens, mulheres, LGBTs , Q+ e mais que demais aos felinos, suínos e caninos, à eveybode!  

A gente se vê, na subida ou descida da ladeira,

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