Epilepsia: 75% das pessoas com baixa renda estão sem tratamento adequado
A falta de acesso à terapia pode aumentar o risco de morte prematura

Foto: A jovem Filomena, de oito anos, tem epilepsia. Num centro de reabilitação psicossocial, em Maputo, em Moçambique, a menina e sua mãe colorem desenhos. Foto: UNICEF/Amminadab Jean
Divulgado nesta quinta-feira (20) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 75% das pessoas que sofrem de epilepsia em países de baixa renda não possuem tratamento adequado. Em novo relatório sobre a doença, a agência da ONU aponta que a falta de acesso à terapia pode aumentar o risco de morte prematura e condenar indivíduos com epilepsia a uma vida permeada por estigma.
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo, afetando quase 50 milhões de pessoas. A doença também pode levar à perda de consciência.
A epilepsia pode se desenvolver em pessoas de todas as idades, com um número maior de incidência entre crianças e pessoas com mais de 60 anos. A patologia tem consequências neurológicas, cognitivas, psicológicas e sociais.
Aproximadamente metade das pessoas adultas com epilepsia tem pelo menos outro problema de saúde. Os mais comuns são depressão e ansiedade, sendo que 23% dos adultos com epilepsia apresentarão depressão clínica ao longo da sua vida e 20% sofrerão com ansiedade. Condições de saúde mental como essas podem piorar as convulsões e reduzir a qualidade de vida.
A agência da ONU afirma ainda que de 30 a 40% das crianças com epilepsia enfrentam dificuldades de desenvolvimento e aprendizagem.
Mortes acentuadas
Em países de baixa e média renda, a taxa de morte prematura entre indivíduos com esse problema de saúde é significativamente maior do que nas nações de renda alta.
As razões que explicam a mortalidade prematura acentuada estão provavelmente associadas à falta de acesso aos serviços de saúde quando as convulsões são duradouras ou ocorrem sem período de recuperação. Sem contar com as chamadas causas evitáveis, como afogamento, ferimentos na cabeça e queimaduras.
O relatório também mostra que, quando existe vontade política, o diagnóstico e o tratamento da epilepsia podem ser integrados com sucesso à atenção primária de saúde. Programas-piloto criados em Gana, Moçambique, Mianmar e Vietnã, como parte de uma iniciativa da OMS, levaram a um aumento considerável no acesso aos serviços para identificar e tratar a doença. Os projetos levaram tratamento para 6,5 milhões de pessoas.