E a imprensa brasileira, mais uma vez, armou a arapuca para outra emboscada a integrantes do governo Bolsonaro. A lamentável entrevista da CNN Brasil junto à secretária especial da Cultura, Regina Duarte, na tarde de ontem, foi um show de horror em diversas naturezas, um dispensável espetáculo garantido pelo jornalismo tacanho.
Aparentemente, minimalisticamente roteirizada para provocar e irritar a todos, do entrevistador à entrevistada e telespectador, a entrevista, no entanto, expôs, sim, uma lendária atriz nacional, com currículo certo ao ex-Ministério da Cultura, um tanto despreparada para ocupar o cargo que lhe foi posto.
Desdenhou da vida humana, faltou-lhe educação em alguns momentos e sequer comentou sobre eventuais movimentações da pasta para atuar junto a um setor tão impactado pela pandemia – a cultura, por trabalhar diretamente com o público, vale ressaltar, foi um dos primeiros setores a parar e, por certo, será um dos últimos a retomar de forma concisa às atividades (pensando, sempre, no trabalho em si e na devida remuneração).
Regina Duarte desequilibrou-se diante de uma entrevista de perguntas vis e que queriam, mesmo, levá-la à humilhação, por certo principalmente para implodir mais uma crise institucional no governo federal. A emissora optou pela polêmica invés de explorar o fato de que estavam diante de uma autoridade do setor cultural.
Afinal, jornalistas bem sabem que uma matéria começa a ser construída a partir do tom da pauta. É uma regrinha básica da profissão, uma lição que o professor da universidade ou o editor um dia lhe dirá: é o repórter que conduz a entrevista, são as perguntas certas que fornecerão as respostas que deseja para costurar o material. Nisso, sem dúvida, a emissora foi brilhante, enquanto, do outro lado, ridicularizou a atriz, como uma fonte descartável para se atingir um objetivo maior.