Editorial
Abençoado o homem que ri e sente a leveza da alma e do corpo durante mudanças
FOTO: Divulgação
Abençoado o homem que ri e sente a leveza da alma e do corpo durante mudanças. O processo migratório, qualquer que seja a natureza, pode custar uma pesada dor de cabeça e lapsos ansiosos, ao menos nos primeiros instantes diante do novo, ou nos momentos que antecedem o encontro com a novidade.
Esta semana, ajustar técnicas e mentalidade do ofício jornalístico para o campo digital foi encarar uma dinâmica inédita do hard news, sem brechas para o depois. Os dedos devem estar aquecidos e a mente em pleno funcionamento – se possível, até mesmo durante as horas dormidas que antecedem a jornada de trabalho.
O jornalismo não é para amadores, mesmo. O jornalismo do momento, então, é para quem o consome e o coloca em prática inclusive numa ordinária ida ao mercado, como se a vida fosse uma eloquente pauta. Pensar o jornalismo no online é respirar fundo e sentir-se intenso para produzir. Fazemos mil coisas ao mesmo tempo, sim, mas o ofício elevado à exaustão é, no fim do dia, o combustível que nos leva à satisfação.
Custa, confesso, afastar-me daquele ritmo jornalístico amparado pelo romantismo (o estilo literário que emerge no século 18 a partir do contato do homem europeu com novas regiões e civilizações, com menos apego a regras e que dá valoriza o estilo do escriba na obra), que não encontra tanto espaço num noticiário diário online, por questão da velocidade para se atingir o objetivo do trabalho – coloca a matéria no ar.
Mas confesso, também, que é esta transformação de mecanismos e didática que justifica, lá atrás, o comprometimento com o ofício, de sermos ouvidos e lidos, num Brasil completamente imerso na era digital.
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