Coadjuvantes que querem poder

[Coadjuvantes que querem poder]

FOTO: Fernando Frazão

Qualquer ato fora do roteiro tende a aumentar o risco, arruinar a trama. Um movimento em falso, uma fala fora do lugar ou descontextualizada, o improviso pode custar caro e desmoronar um trabalho meticulosamente elaborado. Num clima pouco amistoso entre protagonistas e coadjuvantes na Praça dos Três Poderes, Executivo e Legislativo dividem os grandes holofotes e o perigo maior é desarticular medidas já bem encaminhadas, devidamente articuladas, tudo em nome do poder. Seja numa novela ou na política, hierarquias existem para ser cumpridas à risca em nome do espectador - o povo.

Partidos do Centrão da Câmara dos Deputados, numa suposta aliança comandada por Rodrigo Maia (Dem), são quem ousam desconfigurar um script de antemão acordado entre os poderes. Líderes negam, mas o que sorrateiramente entra em cena é uma nova proposta da Reforma da Previdência, de autoria do Legislativo, para fazer frente à proposta do governo.

A prerrogativa do relator no Congresso de fazer alterações no texto é, sim, uma brecha para voos maiores de uma Casa que ainda tenciona embates com o presidente da República, Jair Bolsonaro; que ainda se mostra incapaz de legislar por tônicas democráticas. Próximo ao recesso legislativo, em julho, são os deputados culpados pela falta de unidade em torno de um projeto que, lá atrás, pareceria ter a atenção de uma parcela considerável na Câmara. Mudanças e mais mudanças podem atrasar a votação da reforma, ou pior, jogá-la no limbo.

Numa trama fictícia, este seria um daquele clímax de revelações. Líderes do Centrão, então alinhados com o lado correto da história, são desmascarados e postos ao espectador como lobo em pele de cordeiro.
 


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