O imediatismo do julgamento raso e personalizado atacou novamente, com pesares e grosserias, a nomeação do sub-procurador – baiano – Augusto Aras para ocupar a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), no lugar da ‘incinerada’ Raquel Dodge (lembrando, uma aposta do então presidente Michel Temer e que também sofreu severas críticas à época).
Aras é uma aposta do presidente Jair Bolsonaro fora da lista tríplice apresentada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), um movimento assegurado pela Constituição Federal, portanto, uma decisão que margeia o corporativismo dos procuradores e seus vícios naturais, não raramente muito próxima do partidarismo. Mas, afinal, qualquer crítica aprofundada ou direcionada ao futuro trabalho de Aras é infundada. Como em qualquer emprego, é preciso primeiro produzir, apresentar seu esforço para, depois, ouvir a opinião alheia.
A escolha de Aras, no entanto, escancarou o classismo arrogante e seletivo da ANPR em sua nota pública, grosseira, para demonstrar descontentamento na ação do presidente. Dizer que o indicado não possui “qualquer liderança para comandar” o STF soa mal, como uma inferiorização descarada de um membro do Ministério Público Federal há mais de 30 anos (está lá desde 1987).
E a nota vai além: “não se sabe o que conversou em diálogos absolutamente reservados, desenvolvidos à margem da opinião pública”, quase tratando Aras como um criminoso à margem da lei por, supostamente, manter diálogo com o presidente. Sem dúvida, um desrespeitoso e infeliz posicionamento de uma alta entidade como há tempos não se lia.
A indicação de Augusto Aras muito sugere, sim, mas nenhuma suposição passível de arrogância e prepotência de uma classe, ainda como se o mandatário nacional fosse desqualificado para tomar tal decisão. Deixem o baiano trabalhar!