São contundentes e científicas as descobertas ao longo dos últimos cinco séculos, ou 500 anos, quanto à forma esférica da Terra. Mesmo assim, os adeptos da teoria de que o planeta é plano – os terraplanistas – se mantêm fiéis àquelas convicções críveis apenas dentro da própria bolha. O alerta é quanto à amplitude que este debate atingiu ao sair de pequenos nichos céticos – e obtusos – e ganhar notoriedade entre pessoas que, por diversas razões e que não cabe aqui externar qualquer preconceito, são incapazes de pensar além do estúpido ou perceber além do senso comum.
Rebater a ciência com religião, como insistem os terraplanistas, é como defender uma tese com argumentos errados. Não se trata de desqualificar a Bíblica ou mesmo, para o caso deste grupo, não considerar a abordagem empírica (de observação); se trata de aceitar o óbvio e relevar dados comprobatórios bastante aceitáveis, corroborados inclusive por grandes instituições do mundo (como a Nasa) e gente (como o ex-astronauta e atual ministro Marcos Pontes) que esteve no espaço e viu com os próprios olhos a forma de uma esfera achada da Terra.
Apenas medíocres enaltecem a subjetividade científica, baseados na desconfiança de trabalhos sérios e éticos. Alimentar terias conspiratórias deste calibre é, também, uma tremenda irresponsabilidade, um desrespeito sem precedentes – a generalização do pensamento estúpido é, sem dúvida, um dos inimigos da contemporaneidade. Vale lembrar que boa parte dos terraplanistas é contra as vacinas, uma verdadeira cruzada contra a saúde pública apoiada em pseudociência.
O terraplanismo é apenas um dos entraves do desenvolvimento intelectual da população, cujos pares, como outra corrente que mutila a História para pregar que o nazismo e o fascismo foram movimentos políticos de esquerda, são igualmente extremistas, intolerantes ao debate.
Criar um universo paralelo, percebe-se, já não é exclusividade de criança. São milhares de adultos, inclusive no Brasil, com teorias mirabolantes e críveis apenas a eles mesmos para fugir da responsabilidade em encarar um mundo de mecanismo complexo, com regras e sentidos inalteráveis.
